Pensar Ansiães é recolher ânimo e ensinamentos na história: lembrar a lealdade e a disponibilidade total, a luta contra a senhorialização e a oposição à mediocridade. A lealdade e disponibilidade total ao rei de Portugal aquando das grandes crises da identidade nacional de 1383/85. Os senhores da terra escolheram o apoio interesseiro a Castela e, por esse motivo, o rei D. João I doaria para sempre o concelho aos seus “homeens boons”; ou em 1580, quando a grande maioria dos ventos sopravam, no norte do país, pela integração em Espanha e os moradores da vila se mantiveram relutantes em aceitar o jugo da dependência. A luta contra a mediocridade protagonizada entre outros por D. Lopo que arrostando, com coragem e sacrifício, a adversidade se coroou de glória em terras da Índia e deu razões de orgulho aos vindouros e que pouco celebramos.
Pensar Ansiães é mostrar coragem e agir contra a adversidade exposta na desertificação, na população envelhecida, na taxa de analfabetismo e outros índices que nos inferiorizam face ao contexto nacional. É fazer ouvir a nossa voz e juntá-la a outras de forma a tornar-se mais forte e assim melhor ouvida na distribuição de investimentos da administração central no sentido de reclamar uma descriminação positiva para uma região que também contribui com a electricidade do Douro e o vinho do Porto, duas das principais riquezas nacionais. É criar mecanismos de atracção, utilizar as ferramentas adequadas e usar de muita imaginação de forma a atrair investimento para fixar pessoas.
Pensar Ansiães é saber contar com todos, procurar consensos e, sobretudo lutar contra o caciquismo e o conjunto de interesses mesquinhos instalados. A opção de contar sempre com os mesmos e a perpetuação nos cargos desses ou dentro de famílias restritas, origina a acomodação, a falta de iniciativa, cria o desânimo pela falta de oportunidade e o desprestigio das instituições. O desprezo e marginalização de muitos cria ódios inúteis, afasta energias válidas, obrigando quantos a procurarem outros locais e abandonarem a sua terra. O cacique enquanto sinónimo daquele que dispõe de todas as influências para se conseguir o favor, na forma de benesse, emprego ou subsídio pretendido, é o pior mal do nosso concelho ou região, pois promove a subalternidade, a corrupção, o analfabetismo, a injustiça e o subdesenvolvimento. Sem eliminarmos as metáforas do chapéu numa mão e a outra estendida, do “veja lá sr. Doutor”, “arranje-me lá o lugar ao afilhado”, "olhe que eu sou do seu partido!", não trilharemos caminhos de progresso.
É tempo de Pensar Ansiães para além de Carrazeda. Descobrir e criar outras centralidades, procurar apoios, investir em infra-estruturas básicas de modo a potencializar o investimento agrícola, florestal e turístico. É edificar mais que um centro escolar, desenvolver as caldas de S. Lourenço, olhar o Douro e promover o desenvolvimento turístico....
Pensar Ansiães é olhar o planalto, subir à montanha, descer à ribeira! É ter um pensamento para o concelho, identificar as suas potencialidades, promover a discussão e o confronto de ideias, criar um projecto e depois decidir, buscar apoios, apontar caminhos, promover produtos, recuperar e valorizar patrimónios monumentais e ambientais. É acreditar na força da polémica para enfunar velas no barco rumo ao desenvolvimento.
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