09 julho 2009

"Magalhães", um projecto de futuro?

No presente ano lectivo distribuíram-se cerca de 400 000 computadores “Magalhães” no âmbito do programa e-escolinha a quase totalidade dos alunos que frequentam o 1.º Ciclo. Destes, cerca de 50 000 optaram por não concorrer, na sua grande maioria alunos do 4.º ano de escolaridade que, presumivelmente optaram por aguardar inscrever-se no programa e-escola no próximo ano lectivo, quando frequentarem o segundo ciclo do ensino básico porque terão uma máquina mais potente.
A iniciativa e-escolinha resulta de um conjunto de parcerias entre o Governo Português, a Intel, a Microsoft, a JPC, a Porto Editora, os principais operadores de telecomunicações, entre outros. As famílias carenciadas puderam ainda contar com o apoio das autarquias parceiras da iniciativa no acesso aos serviços de Internet.

Muito criticada esta é uma iniciativa que globalmente me merece muito aplauso.

O projecto ajuda a colocar a escola na sociedade do conhecimento. Esta nova realidade reinventa o conceito de escola e de aprendizagem. Professores e alunos dispõem de uma poderosa ferramenta que lhes permite desenvolver um conjunto de actividades na linha das modernas metodologias educativas: a aquisição e desenvolvimento de novas competências e capacidades ligadas à inovação na produção de materiais didácticos, de confronto com diversas fontes de informação, de desenvolvimento de parcerias e o recurso a estratégias mais activas e participativas. A escola dispõe do instrumento que lhe permite o alargamento do conceito de comunidade educativa, mais intervenção dos encarregados de educação e da sociedade envolvente, pois está facilitada a interacção. O papel do professor redimensiona-se e terá de sentir vontade de renovar o acto de ensinar e tornar-se um mediador na construção do conhecimento. De simples transmissor de conhecimentos, o papel do docente passa a ser também o de facilitador da aprendizagem.

Vamos agora às principais críticas.

Uma das principais é que o “Magalhães” pode ser visto apenas como uma máquina de jogos, como qualquer consola e não como um computador para trabalhar. O papel da família e da escola será o de educar para que esta destrinça seja clara. Não menosprezando o carácter lúdico, ele é acima de tudo uma máquina auxiliar à aprendizagem e um veículo que tem acesso ao conhecimento.
O “Magalhães”foi disponibilizado gratuitamente ou a preços reduzidos, de acordo com as condições económicas das famílias. O custo máximo do produto foi 50€ que mesmo assim corresponde a cerca de 1/6 do seu valor comercial: O produto é barato e corre o risco de não se lhe dar a importância e merecer o cuidado que de facto possui. Descontando a trapalhada dos valores movimentados pela Fundação para as Comunicações Móveis, todos devemos reconhecer que o nosso país não se deve dar ao luxo de desbaratar. Quiçá o instrumento devesse ser atribuído à escola e não aos alunos, assim serviria muitos mais.

O projecto disponibiliza, a par da tecnologia, conteúdos educativos digitais seleccionados pelo Ministério da Educação para os alunos e professores do 1.º ciclo. O percurso provou que muitos foram produzidos sem o cuidado exigido resultando em erros ortográficos já detectados, mas que tiveram uma repercussão negativa que o projecto não merecia.

O projecto do computador “Magalhães” pioneiro a nível mundial disponibilizou a todas as crianças do 1.º nível do ensino básico um instrumento fundamental na escola de hoje. Saibamos nós rentabilizá-lo e potenciar a sua utilização para transformarmos a sociedade portuguesa numa mais evoluída, isto é a sociedade do conhecimento.

4 comentários:

Anónimo disse...

O "Magalhaens" é distribuído pelo Governo à nossa custa. Onera o erário público, na medida em que, não havendo concurso, logo, há fuga aos impostos. Vejam o conceito de justiça deste Governo: dá computadores a todos, por intermédio dos três operadores de telemóveis de terceira geração, já que estes, não pagando impostos de acordo com os proventos obtidos, uma parte reverte para um "bolo" e constituíram uma Fundação, dita particular, através dos nossos impostos. Que bonito! É uma forma de ... Confesso que, no meio disto tudo, há matéria de facto e de direito para intervenção dos tribunais. Não me agrada mesmo nada, diga-se! Por isso, não seria mais justo dá-los, apenas, a quem não tem recursos para os adquirir e, também, àqueles alunos que se esforçam e empenham para os merecer? É muito bonito distribuir benesses e fazer "folclore" à custa dos outros que pagam os seus impostos ao Estado, para daí se extraírem dividendos. Já é tempo da Justiça actuar.

Atento

Anónimo disse...

Desculpe lá sr. atento, mas o que diz é uma barbaridade, própria de quem não sabe nada sobre o assunto. Porque é que não lê com mais atenção aquilo que o prof. Mesquita escreve sobre as grandes vantagens (embora com uma ou outra crítica pertinente) do "Magalhães"?Porque raio as pessoas se hão-de pronunciar sobre assuntos que não dominam? Palpites? Talvez no euromilhões...

Anónimo disse...

O Senhor "atento" não me parece absolutamente atento como convirá, quando escrevemos para terceiros!
Afinal quem paga tudo?
Claro que somos nós todos, o dito povo!
Como é que o senhor queria que fosse?
Que pagásse o Sócrates do seu bolso, ou Drª Ferreira Leite, ou o Presidente da República?
Não faltava aí "junça e três a atar!"
Também é daqueles que pensa ser possível receber em sua casa um pedido de autorização para o 1º Ministro ou o Presidente da sua Câmara fazer este ou aquele investimento?
Ora tenha lá paciência!
Demo-nos felizes quando um qualquer Governo, pese embora asneiras que sempre fazem, investem para bem do povo, nomeadamente em educação e agora em novas tecnologias, ou como em vias de comunicação estruturantes, princípio que nos levará a bom futuro!
Acho que o Professor José Alegre se excedeu na questão "Magalhães" como calço da carteira da escola...
No entanto como brincadeira pode aceitar-se!

Anónimo disse...

Com o devido respeito, os comentaristas que me antecedem, pelos vistos, é que não andam muito atentos, por exemplo, à comunicação social e à investigação que esta faz. Se assim não é, digam lá, por favor, a razão, pela qual foi criada aquela Fundação? É que, apesar de dizerem que ela é privada, por que motivo, tem à sua frente pessoas afectas ao Ministério das Obras Públicas? Respondam, sinceramente, se é que têm andado, mesmo atentos, à sociedade da informação e do conhecimento! Palavras, leva-as o vento. Por isso, já houve alguém que apelou ao Tribunal de Contas, para investigar a natureza da dita Fundação e dos objectivos que esta prossegue.

Atento