08 julho 2009

À descoberta da nossa terra: Ansiães

Vamos retomar alguns aspectos de divulgação do nosso concelho que já mereceu há uns tempos a nossa atenção. Como não foi dito tudo voltamos ao tema. Começamos por Ansiães.

Ansiães é hoje uma vila extinta, mas detém um passado ilustre. Na aurora da nacionalidade, a grande importância de Ansiães pela sua localização estratégica é confirmada pela outorga de um foral por Fernando Magno (1055/1065), rei de Leão, ainda antes da formação de Portugal. Este foi um dos primeiros a ser concedido ao actual território português. Posteriormente D. Afonso Henriques (1160), D. Sancho I (1198) e D. Afonso II (1219) confirmarão este de modo a reconhecer a importância da vila. Mais tarde D. Manuel (1510) conceder-lhe-ia novo foral, após as inquirições manuelinas e fruto da revisão dos documentos efectuada pelo monarca.
A criação da feira no reinado de D. Afonso III, a 2.ª mais antiga do distrito, depois de Bragança, foi uma forma de como diz João Ribeiro da Silva “de incrementar as transacções comerciais na vila, obrigando as pessoas a ficarem ou deslocarem-se de forma mais frequentes à vila”.
A importância do Castelo de Ansiães na defesa da região e nomeadamente da linha do Rio Douro foi contínua desde a Formação de Portugal até ao século XVII. A antiga vila foi berço do 8º vice-rei da Índia – D. Lopo Vaz de Sampaio, referido em “os Lusíadas” de Luís Vaz de Camões. “…Sampaio será, no esforço, ilustre e assinalado”
Aos poucos, a Vila de Ansiães deixa de ter esse enorme valor defensivo e municipal, e entra em estagnação e decadência. Uma grande machadada foi dada nos finais do século XVI, que coincidiu também com a perda da nacionalidade, os nobres e homens bons ausentam-se, acompanhando D. Sebastião na aventura desastrosa de Alcácer-Quibir em África e aí muitos falecerão.
No segundo quartel do século XVIII era Juiz de Fora, representava o rei, Francisco Justiniano Ferraz Araújo e Costa, e consegue a mudança da Vila de Ansiães para Carrazeda em 1734. As razões especulativas atribuem-se à drástica diminuição da população, à falta de água e ao posicionamento geográfico.
Esta decisão não se fez sem oposição, pelo que, para desvanecer e mesmo acabar com os privilégios dos da vila antiga, manda derrubar e despedaçar o Pelourinho de Ansiães, símbolo da autonomia judicial. Hoje apenas restam vestígios do monumento no interior da Igreja de S. Salvador.
A velha Ansiães começa a entrar em declínio rápido e, em princípios do século XIX estava praticamente abandonada, algumas pessoas habitam o lugar do Toural, extra-muralhas. Ficou o Castelo, muralhas e outros monumentos ao tempo, para recordar aos vindouros a heróica época da sua existência.
Faça aqui uma visita ao castelo

10 comentários:

Anónimo disse...

Um passado com orgulho , um presente sem futuro.

Anónimo disse...

Agora não se pode visitar o castelo, principalmente se formos com amigos forasteiros, pois cai-se de vergonha (como me aconteceu a mim), só de ver tanto abandono, o matagal a cobrir as pedras, num desleixo incrível. Só visto. Quem acode ao nosso castelo?
Ganhe quem ganhar as próximas autárquicas, terá que ter como tarefa prioritária e urgente,devolver a dignidade ao Castelo de Ansiães.
h. r.

Rafaela Plácido disse...

Não é o que se passa com o de Linhares da Beira...Sabe que um dia deitei lá fogo a umas ervas?!, no de Ansiães? E também gostaria de levar lá os amigos que me levaram ao de Linhares, mas...
Cumprimentos
Rafaela Plácido

Anónimo disse...

De facto o passado é um orgulho se o soubermos defender. Se assim não for, não somos dignos dele. Então, paciência! É que, apesar do Castelo e as Igrejas de S. Salvador (intra-muros) e de S. João (extra-muros) estarem classificados como MONUMENTOS NACIONAIS e a sua preservação dependerem directamente do Governo Central, está lançado o desafio aos candidatos a futuro autarca carrazedense, para envidar esforços institucionais, a fim de lhes fazer chegar o nosso "grito de revolta". Por isso, como sugestão, coloquem no v. plano de acção, o que pretendem fazer, em termos concretos. Finalmente, é de salientar que aquele lugar, remonta ao período da Civilização Castreja e teve FORAL ANTES DA NACIONALIDADE. Por isso, deve merecer o nosso respeito e admiração, em memória da nossa história e dos nossos antepassados.

Cumprimentos

Carrazedense

Anónimo disse...

Faça aqui uma visita ao castelo, sim...
No próprio mete medo, total abandono, é vergonhoso.

Anónimo disse...

Parabéns, Carrazedense. Demonstras um elevado conhecimento desta terra e da sua história. É pena não poderes agir no terreno, em sua defesa e preservação. Dos politicos, infelizmente, não espero nada.

Uma amiga

Anónimo disse...

Esta "uma amiga" devia dar também os parabéns aos comentadores que antecederam o "carrazedense". Parabéns também para ela, por concordar com o desleixo, o abandono e a ignorância nas atitudes que este moribundo executivo de Carrazeda (psd) tem mostrado em relação ao nosso castelo.

Anónimo disse...

Mas será que o "desleixo" terá só a ver, sublinho: SÓ, com o Castelo?

Anónimo disse...

Claro que o desleixo não é só com o Castelo,se olharmos à nossa volta onde quer que nos encontremos è fácil constatar que o desleixo neste Concelho "È TOTAL."
Se nós fomos sempre governados por "MENTES VAZIAS"o que è se pode esperar?.Sò nos resta esperar pelo resultado das próximas eleições e ver o que nos vai sair na rifa,mas com tantos candidatos e alguns que já lá estiveram e não fizeram nada,vão fazê-lo agora?.
Eu cá por mim não acredito,a menos que a" montanha pàra um rato"
ou quem sabe alguma ninhada.
Faço um apelo ao Povo deste Concelho, não se deixem enganar mais com promessas,porque nenhum deles pode dar nada,precisam è que lhe deiam a eles para pagar "as dívidas"

Anónimo disse...

Concordo com o Carrazedense quando diz que a responsabilidade É DO GOVERNO CENTRAL UMA VÊZ QUE SÃO CONSIDERADOS MONUMENTOS NACIONAIS.O que me dá pena è que a Câmara Municipal nunca tenha feito as devidas DELIGÊNCIAS junto DOS SUCESSIVOS GOVERNOS para que as RUÌNAS DO CASTELO estivessem apresentáveis para quem o quisesse visitar.Neste caso grande parte da culpa tem sido dos SRS Presidentes de Câmara que têm dirigido o destino deste Concelho,já de si tão pobre e ainda por cima não dão o devido valor ao que nos resta de bom.A ESTA FORMA DE PROCEDIMENTO PODEREMOS CHAMAR-LHE O ENTERRO DA NOSSA IDENTIDADE QUE È O MESMO QUE RENEGAR A NOSSA HISTÒRIA.
É pena que os nossos governantes não tenham sensibilidade suficiente para lidar com esta e outras situações semelhantes.
CRIANÇA QUE NÃO CHORA NÃO MAMA.E É ASSIM QUE SE EVOLUI EM CARRAZEDA DE ANSIÃES.