Ex.mo Sr. Dr. JLM

Ex.mo Sr. Dr.
Já não é a primeira vez que, neste Blog, Vossa Excelência me brinda com a sua estimulante prosa.
O meu problema é que não sei como hei-de agradecer-lhe a atenção, sobretudo quando decide formular elogios ao meu modesto trabalho profissional. Efectivamente parecia bem retribuir-lhe com redobrados elogios mas, na realidade, desconheço aquela que foi a sua real competência, já que Vossa Excelência militou numa área, na qual eu sou o mais completo ignorante. Perante este facto que é do seu conhecimento, qualquer elogio meu, só mereceria o seu desprezo porque absurdo e incongruente. Porque todos gostamos de elogios, aquilo que poderei prometer-lhe é que irei fazer um esforço por melhor me inteirar sobre aqueles que foram os seus melhores predicados, na sua vasta carreira profissional para que, logo que possível, consiga então formular os elogios que acredito que merecerá. Possivelmente concluirei também que em Carrazeda nunca alguém se lhe comparou.
A meta que Vossa Excelência terá determinado para mim, pelos vistos já atingida, causa-me algum desconforto e responsabilidade que dificilmente conseguirei sustentar. Dá-me contudo o direito de passar, agora eu, a faz-lhe também um desafio idêntico. Será que ainda lho posso fazer!?
Recorda também Vossa Excelência um outro predicado mas que é o da “habilidade para me tornar conhecido”.
Efectivamente esta característica é importante para se conseguir singrar na vida. Tenho para mim que uma das causas determinantes é a necessidade de subsistência, que se torna mais premente quando se vive num país ou região, pobres e incapazes de valorizar o trabalho e a vontade de evoluir.Concordamos, julgo eu, que na ausência da necessidade de se lutar pela vida, todos somos capazes de nos adaptar à ideia de “viver à sombra da bananeira”.
Finalmente, o que me deixa estarrecido é contudo a ideia que criou de que os meus textos são "saudosistas" e "nada lúcidos".
O primeiro pensamento que me surgiu foi o de passar a transcrever aqui as ideias dos outros. Depois pensei na hipótese de tentar dar-lhe a conhecer os meus interesses que, vão muito para além duns textos que aqui escrevo com erros. Mas também considerei que tal intenção deveria ser-lhe dirigida pessoalmente, se mostrasse interesse nisso.
Finalmente conclui que, não me vendo obrigado a colaborar aqui, ao continuar a fazê-lo, devo dirigir a atenção para aquilo que me interessa, independentemente do gosto de cada um. A intenção é respeitar os objectivos do Blog. Julgo que, com um pouco de esforço, Vossa Excelência há-de saber encontrar motivos de mais interesse para colaborar, do que (a)preciar este humilde cidadão.
Pedia-lhe então que, sempre que detecte em mim quaisquer erros ou depreciação de carácter tenha o incómodo de mo dizer pessoalmente, sem precisar de aborrecer ninguém. É lógico concluir que ao dirigir-me a si neste espaço, também terei incorrido no equívoco que sublinho.
Perdido por dez, perdido por cem.
Aproveito então a oportunidade para lhe desejar a melhor saúde, que eu estou bem. Este aspecto é importante para quem paga o mínimo de segurança social. Continuo a trabalhar e a pagar os impostos. E se, no presente, me encontro um pouco pessimista é porque ando convencido de que quando chegar a minha vez, não haverá ninguém que me pague a reforma que julgo merecer, quando já não tiver forças para trabalhar. Possivelmente é mais uma minha visão quixotesca.