13 outubro 2008

Ainda a tempo


A distribuição de casas em Lisboa por políticos, amigos de políticos, familiares de políticos, primos de políticos, afilhados de políticos, escritores, actores, escultores, pintores, artistas plásticos e outros “artistas” atingiu foros de escândalo nacional que breve se dissipou sem qualquer consequência criminal e muito menos política. Rezam as crónicas dos jornais que bastaria um simples requerimento, um pedido por telefone, uma ligeira insinuação a alguém bem colocado para se obter uma “casita” do Município alfacinha. Os menos surpreendidos, publicitaram os ditos, foram os felizes contemplados que acharam absolutamente natural o privilégio, pois dele se achavam merecedores e até de muito mais. Ficou-se a saber que a compra ou renda de uma habitação está reservada à plebe, isto é, aquele que não tem cartão partidário, ou tão só vive sem o guarda-chuva do poder. Tenho a profunda convicção que esta é uma situação que se estende ao todo do território nacional.

Recordo o processo de distribuição das primeiras habitações construídas pelo município carrazedense no Bairro Adelino Amaro da Costa, a que se seguiu o Bairro Francisco Sá Carneiro.Muitos sabem da injustiça que rodeou a atribuição destes fogos. Os preteridos e não calaram a revolta de pouco lhes valeu o desabafo. Sem atribuir qualquer conotação prejorativa ou não aos ilustres políticos, quero que atendam aos dois nomes, um, insigne dirigente do CDS, e o outro, a figura maior da história do PSD. Os bairros mencionados foram edificados num período de coligação dos dois partidos que constitui também à sua maneira um grande bloco de interesses do concelho.

Neste país: da região ao distrito, ao concelho, à freguesia mais pequenina, da direcção geral à pequena repartição pública, passando pelo hospital, o Centro de Saúde, tudo é conseguido à custa do favor e da influência. A decisão de congelamento no acesso à administração pública exponenciou o descaramento. Sem andar de chapéu na mão, nenhum jovem recém-licenciado e/ou à procura de emprego consegue emprego. Neste país a cunha virou instituição.

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