08 fevereiro 2008

Ipsis verbis

"Não sou contra a construção das barragens, muito embora compreenda e subscreva parte dos argumentos daqueles que se opõem à construção de algumas delas em nome da defesa do património natural e histórico, como é o caso do Sabor e do Tua. Mas sou contra está “lógica extractiva” dos recursos da região, e de todo o Interior, sem contrapartidas efectivas para o seu desenvolvimento social e económico. O que está em causa é sobretudo a forma como o País e o seu Estado encaram o problema. Porque razão é que uma parte das mais valias geradas não há-de ser reinvestida nessas regiões? Porque razão é que a atribuição das concessões não há-de incentivar e premiar as empresas que se comprometam a instalar actividades, serviços e competências geradoras de emprego duradouro e qualificado nos municípios onde vão operar? E porque razão é que o Estado não promove o desenvolvimento de um cluster energético em Trás-os-Montes e Alto Douro (como o fez, e bem, em Viana do Castelo), apoiando, por exemplo, a instalação de iniciativas empresariais e de um centro de investigação e desenvolvimento? Perguntas que merecem resposta e sobretudo acção se queremos construir um País mais justo, coeso e desenvolvido como tanto se apregoa."

Luís Ramos no País Interior

11 comentários:

Helder Carvalho disse...

Este texto vem precisamente ao encontro do que eu penso.
A primeira vez que ouvi falar de ecologia e preservação do meio ambiente foi nos anos oitenta. Nessa altura a novidade vinha-me de Paris pelo testemunho do Prof. Jacinto Rodrigues que em Belas Artes teorizava e levava à prática experiências radicais. Lembro-me de haver um lago no jardim da Escola que logo se transformou em local de criação de peixes e, local de veraneio dos patos que começaram a habitar o horto e que se tinha transformado o dito jardim. A experiência acabou com os peixes a virem ao cimo, de papo para o ar e os patos que tinham poluído a água do lago, acabaram assados na cozinha da cantina. Quando ouço alguns ecologistas abespinhados a defender as suas damas, lembro-me sempre desta experiência e da irracionalidade que ela testemunha.
O caso da Barragem do Tua, sobre o qual tenho a opinião que não haverá argumentos práticos que obstem a que se concretize, questiono-me sobre a honestidade intelectual sobretudo dos ecologistas que desconhecem a nossa realidade. Afinal onde terão estado estes ecologistas quando ao longo de anos se assistiu a poluição do rio com os esgotos que vinham de Mirandela e do Cachão, ou à sua secagem forçada, no verão! Que apoio deram para potenciar o turismo e a funcionalidade da linha de caminho de ferro existente! Algum ecologista terá denunciado anteriormente a perigosidade da linha, tal como esta existe!
Sobre outros desastres ecológicos na nossa região, questiono-me se alguém denunciou a construção do novo cemitério em zona aquífera de reserva agrícola, ou denunciou a poluição do ribeiro da Veiga, devido ao mau tratamento das águas de saneamento da vila. Alguém já questionou o impacto da nova IC25 (?) no nosso concelho!
Chega para já de exemplos. Apesar de acreditar que os nossos ecologistas sejam bons rapazes, não tenho dúvidas de que se conhecessem a nossa realidade talvez encontrassem melhores pretextos para lutarem com vista a melhoria das nossas condições de vida, no presente e no futuro. Ou não será verdade que somos um país que depende 80% da energia importada e que, na sua grande parte é energia atómica criada por outros países, com a perigosidade que isso tem!? Por sua vez saberão os nossos ecologistas que, falando dos que por cá afinal subsistem, ainda há pessoas sem posses para terem energia suficiente nas suas casas! È que para mim preservar o meio ambiente é também termos melhores situações de vida aqui. È por isso que considero que, sendo irreversível a construção da barragem deveríamos exigir as devidas contrapartidas para compensar o aproveitamento deste nosso bem. Ficaríamos sem a linha mas tínhamos de exigir a navegabilidade do rio, com ligação ao Douro. Ficaríamos sem a possibilidade de praticar a canoagem, mas lograríamos investimentos em projectos turísticos com alcance para todos, como por exemplo o aproveitamento das Termas de S. Lourenço. Produzir-se-ia energia, mas imporíamos que parte dela fossem consumida aqui, e mais barata para os necessitados, ou por um preço que permita investir a sério socialmente, etc, etc, etc.
O problema é que neste desiderato teríamos de demonstrar capacidade e estar unidos, para assim se ganhar a força da razão.
Helder Carvalho

Anónimo disse...

Então faça-se a barragem poluam-se as águas e quem vier atrás que se lixe matem-se os peixes , comam-se os patos mande-se o cheiro para os grandes centros

Anónimo disse...

é , por este andar até o trigo vem de fora

Anónimo disse...

com iluminados assim qualquer dia nem vinho têm estes se fossem governar o deserto do sara passado 6 meses estavam a importar areia ridiculo

mc disse...

Não sou contra a construção das barragens, muito embora compreenda e subscreva parte dos argumentos daqueles que se opõem à construção de algumas delas em nome da defesa do património natural e histórico, como é o caso do Sabor e do Tua.


Se reler o texto verificará que a sua opinião nada tem a ver com a do autor, pelo menos em relação a algumas barragens.

Os ecologistas colocaram os peixes e os patos ... agora só gostava de saber quem matou os peixes e comeu os patos... recorda-se?

cumprimentos
mario

Helder Carvalho disse...

No conjunto dos comentários é realmente pertinente precisar quem matou os peixes. Foram naturalmente os patos ao defecarem numa água estagnada. Sobre o paladar dos patos, depois de cozinhados, realmente já não me lembro mas, concordo que pelos vistos estes tinham no lago um bom habitat e ainda hoje lá poderiam procriar-se. Foi uma pena terem-nos comido.
Helder Carvalho

mario carvalho disse...

Numa água estagnada . tipo albufeira de barragem.?!

mario carvalho disse...

bem, pela forma como se referiu aos ecologistas que tinham tido a preocupação de salvar os peixes ou de permitir que vivessem mais algum tempo... e cito:
"Quando ouço alguns ecologistas abespinhados a defender as suas damas, lembro-me sempre desta experiência e da irracionalidade que ela testemunha."
e estando exactamente nos antipodas desta irracionalidade.. ainda pensei que tivesse feito um favor aos peixes.... mas não ... como de costume quando há que pedir responsabilidades.. a culpa é dos

......... PATOS......

Helder Carvalho disse...

Não tenho a pretensão de abrir aqui polémicas que resultem apenas em cultivar o “mal dizer”. Importa-me apenas expor a minha opinião com os dados e conhecimentos que tenha, procurando a coerência e, esperar que não ma façam perder.
A minha preocupação é redundante. Considero prioritário que as pessoas melhorem a sua condição de vida e consigam viver e ser felizes por aqui. Para que tal aconteça importa que nos sejam permitidas as mesmas condições que têm os outros. A realidade mostra-me a minha região envelhecida, esquecida e atrasada, a viver mal e a ganhar pior. Mostra-me gente triste e só, sem expectativas ou que emigra para encontrar trabalho. Mostra-me líderes sem visão, e sem capacidade para inverter a situação. Não estranho pois que esta mesma gente seja facilmente manipulada e embarque em falsas expectativas ou ideias fantasistas, quando lhe vêem explorar os recursos que ainda tem. È sobretudo neste estado de alma que para mim se vem desenvolvendo a polémica da barragem do Tua.

mario carvalho disse...

a partir de
cito:

"A minha preocupação é redundante. Considero prioritário que as pessoas .....e até ao fim do seu comentário

permita-me que concorde.. e recorde .. a minha opinião é exactamente igual à sua e tem sido manifestada por imensa vezes neste blogue e noutros .. o importante é que de uma vez por todas se definam os benefícios e inconvenientes para este povo transmontano que ao longo da sua história só tem servido para soldado carne de canhão, chacota de anedotas, escravo até mais não aguentar e sempre a servir orgulhoso o seu dono que o trai logo que a pompa de Lisboa o ilude (como o boi a olhar para o palácio)
a ele que tão orgulhosamente nele (dono ) confiava... e até diz e convence que é importante perder tudo... mais uma vez,... para ajudar o país que precisa de energia??? ... como pessoa culta e evoluida acredita nisto ?

Propusemos debates... ninguém nos levou a sério... não valia a pena.. era lutar contra moinhos de vento.. afinal até ficávamos sem o S. Lourenço mas tinhamos um ancoradouro,,..(de quê?)

O objectivo foi sempre .. as pessoas conversarem e o que ficasse decidido seria uma atitude responsável e de responsabilidade perante o presente e o futuro.. assumir-se -ia isso ... nunca ninguém esteve disponível .. até gozavam... só Mirandela.. e como diz o José Alegre e mais uma vez muito bem... vai ficar na história..aconteça o que acontecer , como o típico lutador transmontano do antes quebrar que torcer enquanto que os outros badamecos nem na história ficam ou se ficarem é coo mais uns vendilhões daquilo que tanto custou aos seus antepassados e sem demonstrarem por eles o mínimo respeito..

Peço desculpa mas normalmente não releio .. é o que me sai das entranhas .. escrevo ao correr da p.tecla

fica lançado o repto mais uma vez
as forças vivas de Carrazeda que pensem num debate e nós tudo faremos para que as pessoas decidam... ESCLARECIDAS

mario carvalho disse...
Este comentário foi removido pelo autor.