03 janeiro 2008

Autarca de Mirandela avança que Linha do Tua vai ficar submersa com barragem

"O presidente da Câmara de Mirandela afirmou hoje ter a confirmação oficial de que a barragem de Foz do Tua vai acabar com o último troço de caminho-de-ferro na região, submergindo a quase totalidade da Linha do Tua.
José Silvano garantiu à Lusa ter obtido do Instituto Nacional da Água (INAG) a confirmação de que foi aprovada uma cota de 200 metros para a albufeira projectada no plano nacional de barragens para o Nordeste Transmontano. "É inacreditável", desabafou o autarca social-democrata, afirmando que não compreende "como é que se toma uma decisão destas ao mesmo tempo que a Refer continua a fazer obras e a investir dinheiro na linha".
(...)
Nas diversas sugestões disponíveis na Internet, na página do INAG, referia-se que uma redução da cota para 170 metros permitiria preservar mais 15 quilómetros até à Brunheda. Segundo aquele documento, se a cota ficasse pelos 160 metros apenas os últimos quilómetros ficariam debaixo de água. Por outro lado, conclui o mesmo documento, "a adopção destes valores reduziria a potência a instalar e a energia produzida pelo empreendimento".
A decisão hoje divulgada pelo autarca de Mirandela contraria as recomendações dos estudos prévios e vai inundar a linha até próximo do Cachão."
No PÚBLICO

2 comentários:

mario carvalho disse...
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mario carvalho disse...

Foz Tua
Presidente do INAG desmente decisão sobre cota avançada pelo autarca de Mirandela
O presidente do Instituto Nacional da Água negou hoje qualquer decisão sobre a cota da Barragem do Tua mas o autarca de Mirandela alega ter informação de que «será de 200 metros, submergindo a Linha do Tua»

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«Desminto categoricamente que alguém do Instituto Nacional da Água tenha admitido qualquer cota», disse à agência Lusa o presidente daquele organismo, Orlando Borges.

«Continuo a dizer e a afirmar que tenho informações concretas do Instituto Nacional da Água de que a hipótese que tem mais probabilidades é a cota de 200», retorquiu o presidente da Câmara de Mirandela, José Silvano.

O desmentido de Orlando Rodrigues surgiu na sequência de declarações do autarca transmontano, que garantiu à Lusa ter «a confirmação do Instituto Nacional da Água que a cota aprovada para a Barragem é de 200 metros».

O presidente do Instituto Nacional da Água desmente e assegurou à Lusa que «a decisão sobre a cota só será equacionada em sede de avaliação de impacte ambiental».

Orlando Borges afirmou que «ninguém no Instituto Nacional da Água poderia dar tal garantia» já que ele próprio assinou a declaração ambiental e programa, já alvo de discussão pública, e disponíveis na Internet.

O presidente do Instituto Nacional da Água reconheceu que «qualquer solução implicará a submersão da Linha do Tua mas garantiu que o propósito é minimizar as consequências».

Segundo disse, «a grande novidade desta Barragem é o estudo de várias cotas», entre 160 e 200 metros.

O presidente do Instituto Nacional da Água adiantou que «já foi desencadeado o procedimento para a publicação em edital e Diário da República do concurso público para construção da Barragem».

De acordo com Orlando Borges, os concorrentes que vierem a ganhar o concurso ficam obrigados a fazer a respectiva avaliação de impacte ambiental, em que serão estudadas as diferentes cotas.

«É uma obrigação deste plano e só esse estudo concluirá qual a cota da Barragem», garantiu. De acordo com aquele responsável, a declaração que assinou recomenda que seja estudada a cota mais baixa de 160 metros, que submergirá os últimos 15 quilómetros da Linha do Tua.

A cota de 200 metros deixará debaixo de água mais de metade da Linha e é esta solução que o presidente da Câmara de Mirandela, o social-democrata José Silvano insiste que "irá vingar", mesmo depois do desmentido do presidente do Instituto Nacional da Água.

Silvano reiterou à Lusa ter «informações do Instituto Nacional da Água» nesse sentido e que seria até «incompreensível» outra solução, porque qualquer das alternativas «acaba com a Linha»

«Então se o Estado vai acabar com a Linha do Tua porque é que há-de optar por uma cota de 160 se tem mais potencial energético para explorar com os 200 metros», questionou.

«Como nenhuma das alternativas salvaguarda a Linha, tanto dá construir à cota máxima, como mínima», acrescentou. Silvano entende que a Linha do Tua sem ligação à Linha do Douro e consequentemente ao litoral fica inutilizada.

Segundo disse, e a confirmar-se a cota de 200 metros, ficará debaixo de água mais de metade do último troço de caminho-de-ferro no Nordeste Transmontano.

Dos carris restará apenas o percurso entre Mirandela e o Cachão que, segundo um projecto já existente, deverá ser assegurado pelo metro de Mirandela para servir os trabalhadores do complexo agro-industrial do Cachão.

A Lusa pediu esclarecimentos à CP, que explora comercialmente a linha, e à REFER, responsável pela infra-estrutura, mas ainda não obteve resposta das duas entidades.

O metro de Mirandela faz actualmente o percurso até ao Tua que se encontra encurtado desde ao descarrilamento da carruagem, há quase um ano, que matou três pessoas.

O troço acidentado encontra-se reparado há dois meses mas mantém-se encerrado entre a Brunheda e o Tua, sem data anunciada para a reabertura.

Lusa/SOL

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