02 outubro 2006

A vergonha também se gasta

O que mais me impressiona é a maneira despudorada como se tem dado cabo do erário público sem que alguém seja chamado á responsabilidade.
Vem mais uma vez a propósito falar das Termas de S. Lourenço, às quais fui uma última vez já em período baixo de frequência. Na realidade deparei com uma povoação completamente deserta e abandonada. Dez ou doze candeeiros públicos iluminavam o vazio. Apenas o barulho da água, que brotava incessantemente do tanque velho, me fazia lembrar a razão de existência daquela povoação. Fiz então um apanhado de memória dos projectos e promessas que para ali foram apalavrados. Recordei os investimentos em canalização, saneamento, a compostura da Estação de Caminho de Ferro, a associação criada para a promoção do lugar, as maquetas e projectos comprados não sei por que preço, os investimentos feitos por particulares a pensar na viabilização das Termas, etc. Julguei então que poderia haver alguém a quem pedir contas sobre todo este imbróglio. Pela leitura do comunicado espetado na parede pude ler que “ A Junta de Freguesia de Pombal, Concelho de C. de Ansiães, vem por este meio comunicar a todos os utentes dos Banhos nas Termas de S. Lourenço que, não se responsabiliza por qualquer dano pessoal ou alteração de saúde que ocorra durante a utilização dos mesmos”. Fiquei assim a saber que deve ser outra a entidade a responsabilizar-se pois a Junta, apesar de manter abertas as instalações de banhos, se cobrar de dinheiro para os mesmos sem que por tal apresente recibo e organiza os horários, não quer ser a responsável de nada. Afinal quem será o responsável? Será o Delegado de Saúde? Será a autarquia em geral? Será apenas o Chefe de Divisão Administrativa? Qual será a opinião deste sobre o movimento de verbas não contabilizadas com rigor, numa Junta de Freguesia?
Para quem trabalha e paga impostos era motivador vir um dia a conhecer os responsáveis de todos estes enredos. E, se não se encontrarem responsáveis na Terra que ao menos o S. Lourenço lhes não perdoe no Céu.

Hélder Carvalho

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