28 setembro 2016

Uma Companhia ao sabor dos humores da política


Recordemos algumas datas marcantes para a região do Douro e para a Companhia Geral de Agricultura e das Vinhas do Alto Douro.
Entre 1757 a 1761 decorrem as demarcações pombalinas, a primeira demarcação da região vinhateira do Douro, que decorrerá com incidentes diversos.
Com a morte de D. José e a deposição do marquês de Pombal, muitos dos privilégios da Companhia são-lhe retirados, entre os quais, o monopólio da comercialização do vinho para o Brasil.
Em 1780, inicia-se a demolição do famoso rochedo do Cachão da Valeira nos concelhos de S. João da Pesqueira e Carrazeda de Ansiães que impedia a navegabilidade do rio a montante, porém somente seis anos volvidos, um primeiro barco ultrapassa o acidente natural do rio, na Valeira.
Entre os anos de 1788 e 1793 decorrem as demarcações de D. Maria I que alargam a área delimitada.
Em 1792 são concluídos os trabalhos da demolição do rochedo ficando o rio Douro navegável até Espanha. Apesar das obras, o local oferece vários perigos que culminam na morte do barão Joseph James Forester num naufrágio. Segundo a lenda, D. Antónia Adelaide Ferreira salvou-se do desastre na Valeira porque as suas saias lhe serviram de boia. Conhecida popularmente por “Ferreirinha” era a maior proprietária vinhateira do Douro, com quintas a produzir mais de 1500 pipas de vinho tratado.
Em 1797, as demarcações ultrapassam o rio Tua entrando no concelho de Carrazeda de Ansiães.
Em 1807, a Companhia obtém o exclusivo da venda do Vinho do Porto engarrafado. Em 1821/1822, as cortes liberais introduzem alterações significativas na legislação sobre o vinho: mantêm os direitos exclusivos da Companhia mas retiram-lhe parte dos seus privilégios e funções.
Em 1822 dão-se levantamentos armados contra a carta constitucional, na chamada “Vila Francada”, extinguem-se as Cortes e a Constituição e são restituídos os direitos à Companhia. Porém, no ano de 1834, os seus poderes são extintos e é fundada em sua substituição a Associação Comercial do Porto. Com Fontes Pereira de Melo, em 1836, perderá definitivamente todas as suas atribuições oficiais. O governante reduz os direitos de exportação e abole a taxa de guias de trânsito do Vinho do Porto e cria a Comissão Reguladora da Agricultura e Comércio das Vinhas do Alto Douro. Em 1838 é restaurada a Companhia por mais 20 anos.
Convém agora referenciar algumas datas negras para o Douro: 1851, o aparecimento do oídio; 1863, aparecimento da filoxera: a doença mata milhares de vinhas e inicia a maior crise que o Douro assiste, levando Governo, em 1872, a nomear uma Comissão encarregada de visitar a região e estudar a filoxera; as vinhas infetadas passam a chamar-se “mortórios”; três anos mais tarde começa a utilizar-se o sulfureto de carbono para combater a doença, mas só a introdução do “americano” eliminou a doença. Com esta crise são tentadas outras plantações como é o caso do tabaco.
Por último, uma nova tragédia abate-se sobre o Douro, em 1893, com um surto de míldio.
Em 1908, é corrigida a demarcação da zona do Douro, com base nas freguesias, ficando a região com os limites praticamente atuais.
Dois outros acontecimentos violentos aconteceram no Douro. Em 1915, nos motins em Lamego morrem 15 pessoas. Os manifestantes opunham-se a que o vinho oriundo de Portugal com a designação de Porto e importado pela Inglaterra deveria de ser acompanhado por um certificado das autoridades competentes portuguesas. Em 1921 há outras manifestações graves e violentas na região demarcada.

Se 1932 é a data da Criação da Casa do Douro, no ano seguinte foi criado o Instituto do Vinho do Porto por pressão dos ingleses (10 de Abril de 1933). Começava uma outra história que contaremos proximamente.

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