04 agosto 2012

Esperar sentado

A Câmara de Bragança diz-se contra a desclassificação da Linha do Tua e Jorge Nunes, o presidente do município, afirma ser necessário aguardar pela definição de uma estratégia territorial e enquanto não for “equacionado o futuro da ligação entre o Douro, Bragança e Puebla de Sanabria”, deve manter-se a linha férrea.
Daqui
O desmantelamento da linha do Tua entre Mirandela e Bragança foi executada no governo de Cavaco Silva em 1992, tendo sido sufragado este ato com uma copiosa maioria de votos no distrito. Embora alguns populares se revoltassem, das forças políticas maioritárias da região, não se percebeu uma oposição séria e concertada, merecendo-lhes tácito acordo.
A linha ferroviária transfigurada de 1995 a 2001 de metropolitano manteve-se ativa graças à teimosia do município de Mirandela. Um projeto que José Gama idealizou e concretizou num metro de superfície (era o segundo do país, lembram-se?), considerado à altura “ridículo” por muito sério e sensato jornal do litoral, bem como pela opinião de muitos habitantes da cidade de Bragança.
O presidente de Mirandela mascarou de modernidade o estafado transporte ferroviário atribuindo nomes de sonantes estadistas europeus às estações da cidade, pintou de verde velhas locomotivas e angariou vontade política do governo central em troca de muitos votos locais.
Bragança mostrará desistir definitivamente da opção ferroviária ao destruir toda a infraestrutura na inauguração em 2004 da estação rodoviária, no edifício da estação ferroviária e espaços adjacentes.

A escolha da rodovia nos sucessivos governos posteriores a Cavaco Silva é clara, culminando na construção da A4, do IP2 e do IC5 decididos e quase concretizados nos governos de José Sócrates.
Parece-nos ser a primeira vez que o edil de Bragança toma uma posição clara pela ferrovia e equaciona "o futuro da ligação entre o Douro, Bragança e Puebla de Sanabria". Todavia a construção da barragem eliminará definitivamente a ferrovia do distrito e atirará para as calendas gregas o projeto ferroviário regional e a ligação a Espanha, essencial ao nosso desenvolvimento futuro.
 Receamos que esta decisão venha atrasada e concluímos que os líderes regionais nunca tiveram uma ideia de futuro para a região, em que a inclusão da ferrovia deveria ser equacionada, desacreditando e ridicularizando muito poucos defensores desta posição de mobilidade e desenvolvimento no país. 

Sem comentários: