10 outubro 2007

Barragem, talvez...

Quanto a esta questão da barragem do Tua e para eventuais esclarecimento não tenho uma posição intransigente. O que defendo é uma discussão pública sobre o assunto a que os transmontanos deverão ser chamados; se pesem os prós e os contras, que os autarcas saibam decidir em benefício das populações e, se for executada, saibamos exigir as contrapartidas que nos são devidas. Recordo o que aqui escrevi:

Comparativamente, as vantagens da construção de barragens no rio Douro para o país são hoje quase unânimes. Os empreendimentos contribuíram em 40% para a produção nacional de energia hidroeléctrica, tornaram o rio navegável e consequentemente possibilitaram o fluxo turístico, domesticaram a impetuosidade invernosa do rio diminuindo as cheias na Régua e Porto e durante muitos anos possibilitaram a energia mais barata na cidade Invicta. Isto é, somos contribuintes para um bem nacional, que é a energia eléctrica e o turismo, mas o investimento e as mais valias em termos locais foram pouco mais que zero. A electricidade tem o mesmo preço do resto do país com a agravante de possuirmos uma das piores redes de distribuição com cortes constantes. Em termos de projectos turísticos pouco mais se executou que um ou outro cais e assistimos impávidos e serenos à passagem de mais cem mil turistas por ano sem que mais valias fiquem na área geográfica (alguém disse "apenas lixo) . O Douro contribui para a riqueza nacional com, entre outros, três produtos excepcionais: vinho, turismo, energia continua a ser a região do país com piores índices de desenvolvimento.
Por outro lado, a história demonstra que a EDP sempre explorou o mais que pôde, utilizando a violência do Estado para expropriar de qualquer maneira a preços ridículos e dar pouco em contrapartidas.

O Governo português tem como objectivos sufragados e comummente aceites diminuir a nossa dependência energética apostando em recursos renováveis e é também por aí que passa o futuro do planeta. No programa de Governo, no capítulo da política energética, propunha-se a "promoção de aproveitamentos hidroeléctricos de fins múltiplos, para produção de energia e aproveitamento da água", por outro lado e no mesmo capítulo destaca-se o apoio às mini-hídricas. Elas podem ser uma solução para o rio Tua no sentido de preservar a linha do Tua e as caldas de Carlão e do S. Lourenço. Porque é que não se estuda essa hipótese? É estranho.
O governo português propõe-se ainda no seu programa, reforçar a justiça social e garantir a igualdade vdos portugueses e compromete-se à dinamização e criação de pólos de desenvolvimento local e regional, privilegiando as áreas do interior mais desfavorecidas, de modo a impedir e a inverter as tendências para a desertificação e empobrecimento e a sazonalidade recorrente nessas áreas e é muito claro quando escreve no referido Programa de Governo que tudo fará para um desenvolvimento ordenado do espaço rural, concluindo o processo de infraestruturação básica do território e apoiando a modernização das acessibilidades e a instalação de actividades que impeçam a sua descaracterização cultural e ambiental. O que se assiste é precisamente ao contrário. As regiões do interior estão cada vez mais desertificadas, mais pobres e menos desenvolvidas. O fosso com o litoral, em todos os indicadores económicos, agrava-se em vez de se atenuar. A infraestruturação básica e a modernização das acessibilidades aparecem numa prioridade menor se comparada. O interior continua a ser esquecido e ostracisado. A solidariedade deve ter sempre dois sentidos. ao contribuirmos para a riqueza do país só queremos o que nos é devido.

4 comentários:

mario carvalho disse...

Curioso e interessante
vale a pena recordar os coment�rios abrindo

aqui escrevi

AJS disse...

Aconselho a consultarem o site www.inag.pt - Programa Nacional de Barragens com elevado potencial hidroelectrico. Consulta Pública. Devo dizer que já consultei os documentos todos que estão em consulta e em nenhum vi que a linha do Tua fôsse submersa.No entanto, como sou leigo nestas matérias, é provável que eu não tenha interpretado correctamente os estudos, bastante técnicos. Mas numa análise aligeirada podemos verificar que há 4 opções, A, B, C e D em estudo, por ordem de interesses- Potencial Hidrolectrico/Ponderação Energética, Socioeconómica e Ambiental. No anexo V - Listagem de elementos Patrimoniais, não consta a Linha do Tua. Segundo eu penso a conciliação entre as duas é possível. Vamos fazer uma forcinha, preencher a "Ficha de Participação" e enviá-la para "inforag@inag.pt". Assim, estaremos a dar o nosso "pequeno/grande" contributo.

mario carvalho disse...

Caro senhor AJS e todos os interessados

sugiro que vá aqui:
http://www.inag.pt/inag2004/port/diversos/temporario/seguranca/PNBEPH_PP_Memoria.pdf

pagina 71
3.6.4.8. Aproveitamento de Foz Tua

3º paragrafo
Foram assim analisadas
alternativas de NPAda albufeira às cotas 190,200 e 210 ou seja próximas da cota actualmente prevista de 200 metros.
Atendendo....Verifica-se que á cota 210 inundam-sehabitações em Amieiro, Brunheda, Ribeirinha, Longra ,Barcel, Cachão e frechas.

Refira-se que a albufeira irá submergir a linha do Tua, que se desenvolvea cotas inferiores à do NPA da albufeira ao longo de 35km.


Agora se calhar nem consideram a linha do tua património... para eles deve ser sucata

um abraço
até amanhã

mario carvalho disse...

Hoje dia 11 cerca das 15h00
Interpelação ao Governo,

Plano Nacional de Barragens.. TUA

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