João Lopes da Cruz era
natural de Linhares e acabava de regressar do Brasil com riqueza. Em Portugal
vivia-se um período de descrédito da instituição monárquica e de forte recessão
económica. O dinheiro trazido das Terras de Vera Cruz possibilitou ao empresário
o investimento em propriedades agrícolas, entre elas, várias quintas no Douro e
outros negócios que o viriam a arruinar.
A casa de Selores com todos os bens por ele comprados
entra em grande prosperidade agrícola: manda plantar grandes vinhedos, intensifica
a produção de cereais e propicia muitas jeiras ao ponto de não haver
jornaleiros que bastassem. Ali vêm trabalhar durante todo o ano ranchos de
operários da serra, os beirões e galegos. Na frente do solar encontravam-se
numerosos olmos que faziam a delícia da frescura no Verão, também abrigavam do
Sol os cavalos e liteiras quando chegavam os fidalgos de fora. O proprietário
mandou cortá-los e o espaço foi ocupado com grandes armazéns e lagares de
vinho. O mesmo sucedeu com os jardins que se situavam a norte e a nascente, nas
traseiras do palácio, onde igualmente foram instaladas cubas de vinho. O
empresário cedeu ao Estado uma parte da casa para instalação da Escola Primária
e habitação da professora. Também foi ele o responsável pela construção do
cemitério da aldeia, onde está sepultado.
Adjudicou a construção de
várias e grandes obras rodoviárias, entre 1888 e 1892, tendo ganho uma elevada
experiência na execução e gestão de grandes obras públicas; apresentou-se, em
1902, como o único concorrente ao concurso, organizado pelo Conselho de
Administração da Companhia dos Caminhos de Ferro do Estado, para a construção
do caminho-de-ferro de Mirandela a Bragança. A sua proposta foi aceite, tendo
um contrato sido lavrado, de forma provisória, pelo Ministério das Obras
Públicas, Comércio e Indústria, em 19 de Abril do mesmo ano. A concessão
definitiva foi-lhe atribuída em 24 de Maio, tendo, no entanto, efetuado o
trespasse à Companhia Nacional de Caminhos de Ferro no dia 30 de Junho do ano
seguinte. Levaria o comboio a Bragança no 1.º de Dezembro de 1906.
João da Cruz, como era
chamado, não tendo conseguido cumprir a obra de caminho-de-ferro nos prazos
determinados, por lhe terem surgido dificuldades com as rochas graníticas, foi-lhe
movida uma ação judicial litigada pelo deputado Afonso Costa causídico do
Estado. O conceituado advogado que viria a tornar-se presidente do governo
republicano destruiu toda a fortuna do empresário transmontano, que ao perder a
ação em 1910 teve de entregar os seus bens, entre os quais doze quintas no
Douro
Veio a falecer pouco depois “desgostoso
e pobre” no dizer do médico António Alves Martins. Foi-lhe prestada uma homenagem póstuma em 1 de
Dezembro de 1929, por todas as entidades camarárias do Distrito de Bragança,
com a presença de "um banho de povo de cidades e aldeias" no dizer do
jornalista António Aleixo Morgado, tendo sido descerrado um busto em bronze, que ainda hoje se encontra junto da estação de Bragança e que dá início à
Avenida, que tem o nome de João da Cruz.[1]
(do livro "Selores... e uma casa")
6 comentários:
La esta o estado a roubar quem quer trabalhar e fazer algo pela sua terra
Gostava de ver este advogado a enfrentar as actuais obras do tunel do marão e a actual corrupção nas obras publicas.
Assunto: A crise não é para todos
A crise não é para todos
Os transmontanos cada vez passam mais dificuldades... sofrendo com cortes de toda a espécie. Além do isolamento geográfico e da distância à capital (maior agora que já não voa o avião, e com o ritmo vagaroso a que decorrem as obras nas autoestradas), além das limitações financeiras, até já no campo da saúde o panorama está pouco saudável: nem o helicóptero das emergências escapou à ordem de corte, e apenas se mantém porque os autarcas interpuseram uma providência cautelar.
Alheia aos interesses de todos os seus utentes, a Unidade Local de Saúde do Nordeste - ULS, também vai cortando: em tratamentos, em transportes para quem deles precisa, cortam nos exames... Entrar nas enfermarias de alguns serviços é como recuar aos anos 60 ou mais atrás ainda (quem fica internado na psiquiatria, ou vai para o bloco operatório, se já vai mal, fica pior... quem vem fazer análises e se depara com a falta de condições e o tempo de espera, em jejum, só por sorte não desmaia) e alguns centros de saúde têm aparelhos avariados, não têm material suficiente ou adequado, alguns carros de serviço circulam sem as devidas condições de segurança...
Mas o Sr. Administrador usa sem qualquer problema um dos (bons) carros de serviço, indo de casa, em Vila Real, para o trabalho, em Bragança, e fazendo o trajeto inverso, diariamente... muitas vezes com motorista; até durante as férias é usado o carro “de serviço”, com o pagamento de combustível, portagens e revisões por conta da ULS, ou melhor, por conta dos nossos impostos. O mesmo sucede com inúmeros almoços e jantares, tudo a expensas da ULS. Com o devido apadrinhamento de um amigo do Governo, o Deputado Adão Silva.
Por sua vez o Sr. Administrador retribui obsequiando a filha do Deputado, uma jovem médica imagiologista (que faz parte do quadro do hospital Pedro Hispano, com contratação mensal de 3500 euros) proporcionando-lhe mais um contrato na ULS Nordeste: a doutora vem a Bragança uma manhã por semana (ao todo equivale a 2 dias por mês) e acumula, por este serviço, mais um fabuloso contrato de 3500 euros mensais. Muitas vezes vai o motorista no carro da ULS buscá-la e levá-la ao Porto. Para além dos exames e relatórios realizados em presença, por cada relatório extra ao contratualizado a doutora aufere mais 40 euros. A soma destes extras ronda os 15 mil euros mensais. Contudo, antes da sua chegada, há bem pouco tempo, cada relatório extra era pago a 17 euros e uma empresa do Porto...
Numa altura em que o panorama da crise financeira nacional atinge um ponto crítico, situações como esta são vergonhosas e inadmissíveis. Choca ver que, por Trás-os-Montes e pelo país fora, a tesoura que faz os cortes, não corta a direito. Nem onde devia cortar. Choca ouvir o Sr. Deputado na Assembleia de República a defender a austeridade e mais cortes na despesa pública, mesmo que impliquem a extinção de serviços no interior do nosso país, e mesmo que esses serviços sejam dirigidos uma das riquezas mais preciosas que ainda podemos ter – a nossa saúde.
Se o Ministério da Saúde e o Governo não tomarem medidas para resolver situações como esta, serão sempre os mesmos a pagar e nunca sairemos desta crise.
Que a tesoura corte a direito!
Haja a coragem de cortar nesta administração e noutras administrações pelo país fora! E este Sr. Deputado devia fazer um exercício de consciência antes de se dirigir a todos os portugueses. Afinal defende um Deus para si (neste caso para a filha) e um diabo para os outros? Então como é, há portugueses de 1ª e portugueses de 2ª?...
Assunto: A crise não é para todos
A crise não é para todos
Os transmontanos cada vez passam mais dificuldades... sofrendo com cortes de toda a espécie. Além do isolamento geográfico e da distância à capital (maior agora que já não voa o avião, e com o ritmo vagaroso a que decorrem as obras nas autoestradas), além das limitações financeiras, até já no campo da saúde o panorama está pouco saudável: nem o helicóptero das emergências escapou à ordem de corte, e apenas se mantém porque os autarcas interpuseram uma providência cautelar.
Alheia aos interesses de todos os seus utentes, a Unidade Local de Saúde do Nordeste - ULS, também vai cortando: em tratamentos, em transportes para quem deles precisa, cortam nos exames... Entrar nas enfermarias de alguns serviços é como recuar aos anos 60 ou mais atrás ainda (quem fica internado na psiquiatria, ou vai para o bloco operatório, se já vai mal, fica pior... quem vem fazer análises e se depara com a falta de condições e o tempo de espera, em jejum, só por sorte não desmaia) e alguns centros de saúde têm aparelhos avariados, não têm material suficiente ou adequado, alguns carros de serviço circulam sem as devidas condições de segurança...
Mas o Sr. Administrador usa sem qualquer problema um dos (bons) carros de serviço, indo de casa, em Vila Real, para o trabalho, em Bragança, e fazendo o trajeto inverso, diariamente... muitas vezes com motorista; até durante as férias é usado o carro “de serviço”, com o pagamento de combustível, portagens e revisões por conta da ULS, ou melhor, por conta dos nossos impostos. O mesmo sucede com inúmeros almoços e jantares, tudo a expensas da ULS. Com o devido apadrinhamento de um amigo do Governo, o Deputado Adão Silva.
Por sua vez o Sr. Administrador retribui obsequiando a filha do Deputado, uma jovem médica imagiologista (que faz parte do quadro do hospital Pedro Hispano, com contratação mensal de 3500 euros) proporcionando-lhe mais um contrato na ULS Nordeste: a doutora vem a Bragança uma manhã por semana (ao todo equivale a 2 dias por mês) e acumula, por este serviço, mais um fabuloso contrato de 3500 euros mensais. Muitas vezes vai o motorista no carro da ULS buscá-la e levá-la ao Porto. Para além dos exames e relatórios realizados em presença, por cada relatório extra ao contratualizado a doutora aufere mais 40 euros. A soma destes extras ronda os 15 mil euros mensais. Contudo, antes da sua chegada, há bem pouco tempo, cada relatório extra era pago a 17 euros e uma empresa do Porto...
Numa altura em que o panorama da crise financeira nacional atinge um ponto crítico, situações como esta são vergonhosas e inadmissíveis. Choca ver que, por Trás-os-Montes e pelo país fora, a tesoura que faz os cortes, não corta a direito. Nem onde devia cortar. Choca ouvir o Sr. Deputado na Assembleia de República a defender a austeridade e mais cortes na despesa pública, mesmo que impliquem a extinção de serviços no interior do nosso país, e mesmo que esses serviços sejam dirigidos uma das riquezas mais preciosas que ainda podemos ter – a nossa saúde.
Se o Ministério da Saúde e o Governo não tomarem medidas para resolver situações como esta, serão sempre os mesmos a pagar e nunca sairemos desta crise.
Que a tesoura corte a direito!
Haja a coragem de cortar nesta administração e noutras administrações pelo país fora! E este Sr. Deputado devia fazer um exercício de consciência antes de se dirigir a todos os portugueses. Afinal defende um Deus para si (neste caso para a filha) e um diabo para os outros? Então como é, há portugueses de 1ª e portugueses de 2ª?...
São todos iguais!
LARANJAS,ROSAS & OS DEMAIS..
P......... A TODOS.
Concordo com o sr. anónimo sex Dez 14, 07:27:00 p.m.
É tudo verdade, e o aparelho de tac de Mirandela que esta avariado desde Agosto de 2011? repara-lo? não, fica muito caro, fica mais barato os doentes irem ao hospital privado ou à clínica do amigo a pagar 47 euros por exame sem contar com o transporte e o enfermeiro acompanhante.
Assim se poupa neste país...
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