15 novembro 2007

Silvano exige navegabilidade no Tua

O Movimento Cívico da Linha do Tua e a Câmara Municipal de Mirandela (CMM) organizaram, no passado sábado, um debate para abordar as consequências da barragem da foz do Tua na única linha-férrea do distrito de Bragança.
O presidente da CMM, José Silvano, manifestou-se contra a actual proposta da albufeira, uma vez que vai submergir praticamente toda a linha do Tua.
Dado que os autarcas dos restantes municípios afectados aceitam a a barragem, o edil tem uma proposta para obter ganhos turísticos. “Se for construída tenho a obrigação de ter um plano alternativo de desenvolvimento de Mirandela, de modo a minorar os prejuízos e rentabilizar o projecto”, sublinha o responsável.
Para o autarca, a barragem só terá aproveitamento turístico se for construída uma eclusa para os barcos passarem, capaz de funcionar como canal de ligação entre o rio Douro e o Tua. “Quero que o espelho de água chegue a Mirandela, pois assim as pessoas tinham um transporte fluvial entre Mirandela e o Tua”, defende o autarca.
Manuela Cunha, do partido ecologista “Os Verdes”, discorda desta alternativa, alegando que o turismo que resulta da criação de espelhos de água com a construção de barragens não trará riqueza à região. “É uma actividade que só deixa grande riqueza a empresas de Lisboa ou Porto”, sustentou Manuela Cunha.
Durante o debate concluiu-se, ainda, que a construção da barragem significará o desaparecimento de uma rota idílica de turismo que traz à região mais de 20 mil turistas por ano, agravando a desertificação da região. Além disso, implicará a destruição do património das estações e outras construções ligadas à Linha do Tua, algumas das quais verdadeiras obras de arte arquitectónica.

Fernando Cordeiro no Nordeste

7 comentários:

  1. Realmente!!.

    !Há tantas maneiras de dizer as coisas e de as dizer ao gosto de cada um ou dos interesses!!
    Como se deturpam as notícias..

    Titulo bombástico
    "Silvano exige navegabilidade no Tua"

    Quando o título deveria ser

    "Silvano Contra a Barragem por sumergir a Linha do Tua"


    mas se tiver que se fazer a barragem exige que o rio seja navegável desde o Douro até Mirandela... com uma eclusa de 200 e tal metros de altura, afundar o ´Tua desde o paredão até ao douro
    afundar Cachão Frechas até à entrada de Mirandela... UTÓpico.. Ficaria mais caro que a própria barragem,, segundo o Ministro Manuel Pinho.. Mas pretende-se isolar o unico que parece preocupar-se com o futuro.. porque também será o unico autarca com perspectivas de futuro

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  2. http://coagret.wordpress.com/

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  3. Parecer da Coordenadora dos Afectados pelas Grandes Barragens e Transvases – Secção Portuguesa (COAGRET-Portugal) ao Programa Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroeléctrico (PNBEPH)
    Em primeiro lugar, a apresentação repentina do PNBEPH e a discussão reduzida para prazos demasiado curtos (mesmo ampliados que foram, de 30 dias de calendário para 30 dias úteis) — dado o volume e extensão do documento — não nos parece compatível com um Programa Estratégico que necessitaria, à partida, da mais ampla participação pública possível, quer a nível nacional, quer a nível local. A realização de apenas 3 sessões de esclarecimento em Coimbra, Porto e Lisboa dão bem a ideia da visão centralista de quem as propôs e realizou. Assim, sem afectados directos presentes e consultados fica tudo ”mais praticável”. Ou corre-se o risco de revolta… veremos. A apresentação pública que decorreu em Lisboa é disso um belo exemplo: foi antecipada em duas horas (com a notável desculpa que agenda do sr. Director-Geral de Energia e Geologia assim requeria!), apenas na véspera. Sem dúvida, um contributo notável para a participação pública.

    Interpretamos esta Avaliação Ambiental Estratégica como tendo sido feita ao revês: primeiro decidiu-se politicamente, agora tentam-se evitar potenciais obstáculos legais. O objectivo último não declarado deste Programa é pois fazer passar, de uma penada e antes que o tempo se esgote, 10 barragens pelo “buraco da agulha”, cada vez mais estreito devido aos prazos de implementação, por exemplo, da Directiva-Quadro da Água. Uma estratégia esperta mas pouco transparente; maquiavélica mas que deverá sair furada.

    Reconhecemos, porém, em relação ao que tem vindo a ser norma quanto à qualidade técnico-científica deste tipo de documentos, que ocorreu um claro avanço na competência, qualidade e seriedade da argumentação apresentada, ainda que insuficiente e manipulada.

    Alguns dos argumentos alegados a favor da construção de mais barragens são curiosos e contrários à evolução do conhecimento científico. Destacamos, meramente a título de exemplo, o controlo de cheias – quando na verdade é preciso diferenciar entre cheias e inundações – e a garantia da qualidade (?!) da água. Deverá tratar-se de um equívoco entre qualidade e quantidade de caudal garantido. Este será mesmo o “pecado original” deste Programa: falta de qualidade (da argumentação) e excesso de quantidade (de cadáveres hidrológicos).

    Falaciosamente aponta-se como essencial para a potenciação da energia eólica a construção de barragens de turbinas reversíveis. Dizer que um problema só tem uma solução, além de não ser verdade – vide sistema regulatório energético de Espanha – demonstra falta de imaginação. É também sabido que as percas de rede por transporte de energia em grandes distâncias são muito grandes. A aposta na microgeração (incluindo a hídrica) descentralizada deveria ser uma grande aposta, naturalmente oposta à destruição dos rios pelas grandes barragens. Neste estudo, parece ter sido pouco considerado o estado de implementação e as potencialidades do Plano Nacional de Eficiência Energética, residindo aqui a chave para a solução de alguns problemas estruturais do nosso desperdício não produtivo.

    Já existem várias situações em que a ausência de sedimentos vindos dos nossos rios implicam em graves problemas ao nível da protecção costeira. Deveria ter havido bom senso relativamente à consideração da construção de barragens em bacias onde já se verificou uma nítida redução do transporte de sedimentos para a costa, com os problemas inerentes.

    Discordamos também da ideia expressa e, ainda mais subliminar, segundo a qual as condições de vida das populações afectadas pela construção de grandes barragens melhoram ou, ainda, que a economia das regiões onde estas são construídos cresça por este motivo. A experiência demonstra claramente que nenhum desses empreendimentos contribui para o desenvolvimento das regiões em questão. Antes pelo contrário, os afectados nunca foram devidamente recompensados pelos danos económicos e sociais que lhes foram causados, e este Programa Nacional nessa matéria não contribui em nada para melhorar este passivo negativo.
    É curioso constatar que os autores do estudo considerem a possibilidade da conservação e da valorização do património, sugerindo a COAGRET o apetrechamento das populações mais próximos com fatos de escafandrismo para melhor visualizar o tal património submerso…

    Do ponto de vista da manutenção da biodiversidade ligada aos nossos rios, infelizmente já residual, é de todo incompreensível a implementação de mais barragens em troços de rio baixos, ou seja nos rios que desaguam no mar e nos seus tributários imediatos (nos rios de primeira e segunda ordem), que é o caso flagrante de Foz Tua e Almourol, mas também de Fridão e Alvito, embora estes últimos já tenham barragens a jusante. É, aliás, pouco compreensível que o critério dos efeitos cumulativos de empreendimentos hidroeléctricos tenha sido tão pouco considerado nesta Avaliação dita ambiental e dita estratégica.

    É também de destacar o facto de que a biodiversidade mediterrânica ligada aos ecossistemas de água doce é a que, no contexto mundial, mais risco de extinção corre, segundo recentes relatórios da UICN. Este PNBEPH vem, pelo contrario, inverter a prioridade de salvaguardar a biodiversidade, a que o Estado português se comprometeu até 2010.
    Não bastante, também vem ajudar a incumprir o Protocolo de Kyoto, uma vez que neste prazo apenas são relevantes as fases de construção das muitas obras propostas com todo o betão, desmatação, perca de área verde a contabilizar negativamente a conta do carbono… estão as empresas hidroeléctricas dispostas a assumir este encargo, ou irá o dinheiro dos contribuintes ser indevidamente utilizado, por esta via, para financiar estranhos interesses privados? Acresce a produção de dióxido de carbono e metano, nada negligenciável mas minimizado neste estudo.

    Sabendo, embora de forma ainda deficiente os impactos negativos decorrentes da aplicação deste Programa, falta, pois, conhecer os impactos positivos da sua não aplicação. Aguardamos com expectativa a consideração e incorporação dos contributos desta consulta pública.

    Para finalizar, por agora, cabe chamar a atenção para a ”trapalhada” do caso Almorol que, além de alterar radicalmente o ainda livre curso do rio Tejo, iria submergir metade da vila de Constância, uma indústria local (e ambas seriam engenhocamente salvas pela engenharia de muros de betão), perdendo-se quilómetros de margens hoje valorizadas pela aposta autárquica no turismo e lazer, devido ao valor natural intrínseco dos rios. Isto para não falar das percas de biodiversidade atrás citadas. Pois, perante a indignação das populações locais, logo se altera, via comunicação social, a localização do dito paredão para montante de Constância. Assim se demonstra a insustentável leveza de ser barragista. Para a COAGRET este é o canto do cisne da velha cultura da água que vê os rios como canais e, mais recentemente, os habitats como jardins zoológicos. O seu tempo está a terminar, felizmente.

    O facto de não ter sido integrado para comparação, neste Programa, o Aproveitamento Hidroeléctrico do Baixo Sabor (não estando este aprovado em instâncias superiores da União Europeia) deve significar o abandono definitivo deste projecto pelos impactos comparativos demasiado graves, e por este facto nos congratulamos!

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  4. O texto anterior saiu anónimo mas foi enviado por mim ... agradeço ao Prof. Pedro Couteiro da COAGRET PORTUGAL o email para www.linhadotua.net.. as minhas desculpas ao autor e ao pensar ansiaes
    mario carvalho

    Gentilmente enviado por Prof Doutor José Romão cujo cuuriculum está no fim deste grandioso trabalho..para www.linhadotua.net

    Pena que os da terra não conheçam a sua terra como os de fora
    ...............


    cito:
    Os vales, quanto mais profundos e estreitos mais impressionantes para o Homem e belos para fotografar, mas também mais vulneráveis (apetecíveis) a ser emparedados e submersos por barragens. O rio Tua, a 100m sobre o nível do mar, é ladeado por escarpas que chegam aos 676m e pouco menos ao longo de quilómetros. O rio Tinhela, seu afluente, também
    a submergir, contorna uma extensa vertente selvagem com 500m de altura. Os blocos de granito das Fragas Más no Tua têm centenas de metros de diâmetro. Estar nestes ambientes magníficos proporciona-nos uma experiência única da Terra.



    O que a barragem põe em causa:



    PAISAGEM: 20Km de vale encaixado, de aspecto agreste, da Brunheda à Foz do Tua, e ainda o Rio Tinhela e a Ribeira de Barrabáz. A diferença altitude é tão extrema que em Foz-Tua pode estar enublado, aos 300m entramos num nevoeiro denso com 5m de visibilidade, aos 650m saimos das nuvens que se vêem agora por cima iluminadas pelo sol, cobrindo vales e ladeadas de mais cumes.



    FLORA: O Tua é um dos poucos locais onde se pode ver o aspecto que Portugal tinha na pré-história, em termos de cobertura vegetal. O difícil acesso, pela inclinação, extensão e esforço físico, impediu a agricultura em muitos locais, permanecendo a flora selvagem,
    principalmente os zimbros, arbustos de grande porte, quase arbóreo. O ar limpo dada a pouca indústria local e a ausência de pessoas permite a muitas espécies de líquenes crescerem luxuriantemente. Castanheiros, pinheiros (de alepo?), e sobreiros cobrem as vertentes sobranceiras ao rio Tua numa floresta densa e verdejante dada a ausência de incêndios. Eucaliptos são praticamente inexistentes.


    FAUNA: Nos túneis do comboio há populações de morcegos. Vê-se o esquilo, muitas espécies de aves incomuns, e ouve-se o pica-pau.
    Dizem-me existir águia real, bufo real, cegonha preta, e talvez falcão peregrino e abutres, e que várias espécies e sub-espécies de borboletas e libélulas em Portugal só podem ser encontradas no Tua. *Se me pode, ou conhece quem possa, ajudar a identificar uma libelinha ou efemeróptero muito invulgar que lá encontrei, diga-me por favor e enviar-lhe-ei uma foto.*




    GEOLOGIA: As termas de S. Lourenço, com água quente sulfurosa
    brotando dos pés da estátua medieval do mesmo santo, onde se tomam banhos medicinais, num edifício de forma medieval e invulgar, e as Caldas de Carlão, estas já com instalações modernas de hidroterapia, são algumas das manifestações do vulcanismo da região. Tudo isso, mais a praia fluvial no Tinhela nas Caldas de Carlão, com arvoredo que lembra o Choupal em Coimbra, são para submergir. Bem perto, os algares no Rio Tinhela, também. As interessantes formas de erosão da rocha pela água no
    rio Tua (foto anexa), também desaparecerão, mesmo que se construíssem mini-hídricas em vez da barragem de 130m de altura. As cascatas da Ribeira de S. Mamede, caindo por fim sobre o Tua, também serão submersas.

    HISTÓRIA: A linha do Tua, concluída em 1880, cuja construção na
    rocha escarpada deve ter equivalido em dificuldade à construção da Ponte 25 de Abril, é considerada por muitos o principal motivo porque a barragem não deve ser construída, porque será submersa ainda para montante da Brunheda (a nova bacia prevista é para ter uma extensão de 3822Km2). Seria um insulto aos que a construíram em condições inimagináveis e à nossa memória colectiva destruir esta relíquia de Arqueologia Industrial portuguesa, com as suas pontes de ferro e toda a parafernália de equipamentos ainda existentes, incluindo as estações e o comboio a vapôr que agora leva turistas da Foz-Tua à Régua. 150 anos ao serviço, interrompidos pelo acidente de 12 de Fevereiro último, apesar
    da boa manutenção e considerável afluência de utentes.



    ANTROPOLOGIA: A agricultura de socalcos (oliveira, etc) que mesmo assim ainda é feita, chegando nalguns pontos quase até ao rio por caminhos estreitos em ziguezague, tem maior biodiversidade que nalgumas zonas da Ásia classificadas como Património da Humanidade. A água chegaria a menos de 10m da aldeia do Amieiro, descaracterizando por completo aquele lugar e inundando hortas ainda em actividade.

    SEGURANÇA: A população de Foz-Tua viveria à boca da barragem, que pode ruir por terramoto, erro técnico, deficiência nos materiais, queda de pedras como as que descarrilaram o comboio em Fevereiro, sabotagem ou terrorismo; as 2 pontes (rodoviária e ferroviária) actualmente aí existentes seriam provavelmente varridas pela água, impossibilitando até os socorros necessários.



    TURISMO: Considerado a principal saída para o desenvolvimento da região, imensos projectos turísticos em marcha seriam inviabilizados.

    Desde logo a constituição dum parque de natureza do Baixo-Tua, da Brunheda à Foz do Tua, e englobando o Baixo-Tinhela desde Martim, e a Ribeira de Barrabáz, privado ou público. Aqui poderiam ser realizadas actividades modernas de vária ordem, didácticas, escalada, cicloturismo, passeios pedestres, talassoterapia, ..., incluindo os passeios fotográfico-científicos que eu e o Visionarium de Sta. Maria da Feira tencionávamos oferecer. O comboio a carvão poderia andar de novo na linha do Tua, levando turistas em visitas guiadas aos muitos motivos de interesse. Os acessos à linha poderiam ser melhorados, infraestruturas de apoio criadas, trilhos bem assinalados à maneira suíça; um potencial ainda largamente por explorar num país com forte aptidão turística. Já hoje se oferecem visitas guiadas, por antigas estradas romanas adjacentes. Em Foz Tua existem bons restaurantes, a Casa do Tua é um
    hotel de qualidade e há ofertas de turismo rural em locais próximos. Em
    Carlão, as casas surgem entre enormes blocos de granito. A própria
    paisagem de S. João da Pesqueira a Pinhão, onde se atravessa o Douro e onde está prevista outra barragem, e daqui a Favaios, é incrivelmente tridimensional e bela, com as vinhas e os ciprestes a lembrarem a Toscânia, na Itália, onde se fazem workshops internacionais de Fotografia.

    Os rios devem continuar a ser rios e as montanhas a ser montanhas. As barragens e as pedreiras nivelam o mundo, que fica assim mais desinteressante. Tendo em conta o que já causámos ao planeta, há que evitar mais danos. As barragens podem ser vistas como uma forma de obter energia renovável, mas quebram o fluxo natural de sedimentos das montanhas para o mar, e as praias já começam a não ter areia (só este ano, aconteceu na Costa da Caparica, Ericeira, Póvoa do Varzim?). São apresentadas como um instrumento para mitigar as alterações climáticas reduzindo as emissões de CO2 para a atmosfera pelos mesmos políticos que não escondem o seu regozijo com a descoberta de novos poços de petróleo no Brasil e prospecções em Peniche, nada fazem para nos pôr a andar a álcool e não querem painéis fotovoltaicos porque sai caro, em Lisboa querem-nos a andar de transportes públicos e no Tua acabam com o comboio, levando à conclusão que o problema deles é realmente o preço a que está o petróleo. Nós a recear o degelo dos pólos e já a ser inundados por dentro... No site do ICNB, lê-se: "O Comissário Europeu para o Ambiente, Stavros Dimas, considerou ainda que a perda de biodiversidade é mais problemática do que as alterações climáticas"



    No Parque Nacional de Yosemite, California, USA, quando lá estive, e apesar da seca que decorria, estavam a planear desmontar uma barragem para recuperar a zona para ficar como o vale central que atraía nessa altura já 1 milhão de eco-turistas/ano (6 dólares por dia cada entrada).

    Portugal, em ideias, anda 50 anos atrasado.



    Por favor reenvie esta mensagem aos seus amigos.


    José Romão

    Licenciado em Biologia pela Universidade de Coimbra

    Mestre em Ciências Biológicas pela Wayne State University, Michigan, EUA

    Doutorado em Genética pela Purdue University, Indiana, EUA

    Fotógrafo de Natureza

    http://www.milcores.pt






    obrigado professor

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  5. O texto acima assinado por "anónimo" é, para mim, o que melhor fundamenta (de forma espectacular e científica) a INSUSTENTABILIDADE do projecto de construção da barragem de Foz-Tua!
    Parabéns e... que o último parágrafo desse mesmo texto se cumpra, para sossego daqueles que verdadeiramente estão na e com a MÃE NATUREZA !

    h. r.

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  6. dr Manuel Carvalho

    Editorial PÚBLICO

    (08/03/2007)

    Enquanto houver em Portugal uma paisagem fluvial incólume, não haverá descanso nas empresas de engenharia da EDP nem nos gabinetes governamentais associados às questões energéticasAs sondagens geológicas ainda não estão acabadas e os estudos de impacte ambiental apenas começaram, mas, para a EDP e para o Governo, a barragem que se anuncia para a garganta do Tua é já uma realidade incontornável. No país em que os estudos e as discussões públicas servem apenas para enfeitar com pretensa seriedade as opções tomadas a priori, o ministro Manuel Pinho foi queimando etapas e afirmou que, em 2015, a barragem estará em produção. Ontem, a EDP voltou a anunciar que Foz-Tua é um dos projectos em carteira para reforçar o seu potencial de produção. O ministro e a EDP julgam-se donos e senhores dos recursos naturais do país e já decidiram por todos o que se há-de fazer.
    E é assim porque, enquanto houver em Portugal uma paisagem fluvial incólume, não haverá descanso nas empresas de engenharia da EDP, nem nos gabinetes governamentais associados às questões energéticas. Sob o pretexto do interesse nacional, das politicamente correctas apologias das energias renováveis e do cumprimento das metas de Quioto, prepara-se a repetição do erro de Foz Côa: o valor intrínseco da barragem para o sistema electroprodutor não se discute e o desenvolvimento regional de uma das mais pobres regiões do país não se questiona. A propaganda em torno do país que, alegadamente, desperdiça metade do seu potencial hídrico para a produção de electricidade vai certamente prevalecer.
    Mas, como em Foz Côa, o país tem de discutir o que perde e o que ganha. Há apenas seis anos atrás, as projecções da Direcção-Geral de Energia sobre as "metas indicativas relativas à produção de electricidade a partir de fontes renováveis" não consideravam o contributo de Foz-Tua para o cumprimento das directivas europeias sobre a produção de energia limpa. Mas admitamos que novas contas foram feitas e outros factores, como a entrada em produção das eólicas, mudaram as regras do jogo. O que sobra então? De um lado uma barragem capaz de produzir 220 megawatts por ano, que é menos do que a EDP vai ganhar com o reforço de potência da actual central do Picote, e do outro a destruição de um dos mais belos e imponentes monumentos naturais do país.

    Não se troca um vale como o do Tua por uma produção irrelevante de energia e, mais importante, não se pode fazê-lo apenas à custa das opiniões de ministros e engenheiros. O Ministério do Ambiente tem igualmente de assumir o seu protagonismo na discussão, em vez de andar sistematicamente a reboque dos outros - ainda há cerca de um mês o ministro dizia não querer revelar que barragens iriam ser estudadas, quando as sondagens e os estudos estavam em marcha no vale do Tua. A escolha tem igualmente de ser partilhada pelos autarcas, por muito que os autarcas estejam as mais das vezes dispostos a trocar sem hesitações um cheque avulso com data certa por qualquer perspectiva de desenvolvimento sustentável a longo prazo. E no fim do dia, se a construção de Foz-Tua avançar, é obrigatório repensar o sistema extractivista que esteve na origem do modelo de exploração das barragens iniciado nos anos 50. Não faz sentido que o vale do Douro e dos dos seus afluentes, onde se produz mais de metade da electricidade com origem hídrica do país, perca culturas agrícolas e paisagens sem que receba nada em trocanem postos de trabalho. O Governo, que está a trabalhar numa nova lei de titularidade dos recursos hídricos, deve obrigar as empresas que explorarem as barragens a pagar impostos nas regiões onde produzem os bens que comercializam. A correcção das assimetrias também é do interesse nacional. Ou não?

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  7. obrigado amigo HR
    o Texto é do Prof Pedro Couteiro

    o mail do movimento cívico é
    linhadotua@gmail.com ..se quiser colaborar e quem quiser, muito agradecemos e sobretudo o vale do TUA
    que fazer em Carrazeda que será o concelho mais afectado e mais prejudicado?

    um abraço
    mario carvalho

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