Partindo do pressuposto que a principal causa do nosso atraso colectivo é a educação, os sucessivos governos têm-na colocado na mais alta prioridade. Reformas sucessivas desembocaram em outras tantas frustrações criando desestabilização nas escolas e nos actores educativos, não atenuando o fosso dos indicadores de qualidade na educação dos outros membros comunitários. Os novos países recentemente admitidos tendo já atingido altos e generalizados níveis de formação, mais contribuíram para a urgência de um processo que sucessivamente temos adiado. O actual governo repetiu a receita dos anteriores e empenhou-se numa ampla e obsessiva produção legislativa, normativa e regulamentador (estatuto do professor, concursos, avaliação de desempenho, aposentações, escola a tempo inteiro, formação contínua) acompanhadas de um conjunto de medidas muitas delas mais para encher o olho que verdadeiramente eficazes (computadores, ligação de banda larga, programa novas oportunidades, encerramento de escolas, novos programas curriculares, inglês no 1.º ciclo, substituição de professores, concursos a três anos…) cujos objectivos serão melhorar a qualidade de ensino, diminuir o insucesso, travar o abandono e inovar procedimentos. O “modus operandi,” primeiramente muito aplaudido, tem nos últimos tempos sido apelidado, por uns de pura propaganda e por outros de arrogante. Os resultados ainda não completamente visíveis, podem ser, mais uma vez, insatisfatórios. O discurso do senhor Presidente da República a 5 de Outubro veio declarar ao país a impotência da administração pública, isto é do governo português, para operar as mudanças desejadas no sector e fez um apelo à sociedade civil. Primeiro aos encarregados de educação que não podem continuar a ver as escolas como depósitos e "fábricas de ensino", e exortou-os “a envolverem-se de forma mais activa na qualidade do ensino". Depois defendeu a descentralização dos actos de gestão da escola que “deve ser gradualmente entregue às suas comunidades", isto é retirados da dependência da”Cinco de Outubro”. Por último, se nos lembrarmos dos ataques incisivos e continuados à classe docente pela Senhora ministra e seus Secretários de Estado, Cavaco Silva deu-lhes uma das maiores reprimendas ao referir no seu discurso, o óbvio, qualquer sucesso das políticas educativas passa pela figura do professor que "deve ser prestigiada e acarinhada” e que a dignidade da profissão depende do "respeito e admiração que os professores são capazes de suscitar na comunidade educativa, junto dos colegas, dos pais e dos alunos". O senhor Presidente da República deixou-se de “paninhos quentes” e pegou na palmatória.
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