
É comum argumentar-se que o mundo rural é um património do país e como tal deve ser preservado e defendido das agressões urbanísticas, dos investimentos agrícolas, florestais ou outros que pressuponham a sua descaracterização. António Barreto numa das suas crónicas do Público alinha por este diapasão e advoga um mundo rural intocável
"onde é possível encontrar locais pacíficos e repousantes, onde os urbanos podem encontrar reparação. Isto é, uma autêntica “reserva” para o desfrute dos citadinos, mesmo que os naturais se danem. Tudo o que possa ser feito para o desenvolvimento e o bem-estar dos residentes, há sempre altos valores que se levantam, ao contrário tudo é possível. Pode-se proceder à construção de uma ou mais barragem que criará impactos profundos sobre a paisagem e o clima, é permitido enxamear de inestéticas torres eólicas as montanhas rurais porque estará em causa o interesse nacional, proceder ao abate injustificado de árvores quando estão em causa altos interesses turísticos… Por outro lado, erigir um armazém de apoio a uma exploração agrícola é quase sempre um atentado ao ambiente natural, impedir a construção de uma estrada vital para preservar os ratos do campo que poucos viram, abater uma árvore para traçar um caminho rural pode constituir um crime punível com prisão... Dois pesos e duas medidas claros. Faz-me pensar no que se exige aos brasileiros para preservação da floresta da Amazónia: na lógica da preservação da floresta mundial, não lhes seria permitido mexer numa árvore por uma questão ética e de preservação da vida no planeta, sem qualquer compensação. Por outro lado, no resto do mundo é permitida a exploração das florestas, desde a Europa à América, passando por em África onde há interesses também das grandes empresas multinacionais e tudo é permitido segundo a regra da livre concorrência onde assenta o desenvolvimento moderno.
E se "esta que é uma função essencial do campo ou do interior" como acrescenta o conhecido transmontano, só haverá “interior rural ou natural belo e cuidado” com pessoas e se houver contrapartidas; se não, a solução será a completa desertificação humana. E para haver população não podem encerrar-se serviços públicos de proximidade pela lógica da racionalização de serviços e do número de utentes, não pode encerrar-se uma via-férrea pelo juízo de que não há utentes suficientes e dá alguns milhares de euros prejuízos quando há transportes financiados a muitos milhões no litoral. Queremos um campo cuidado e que sirva o país, pois que seja, mas não à custa de uma população envelhecida, ostracizada e com um baixíssimo nível de vida; mas sim na discriminação nos impostos, em investimentos públicos em infra-estruturas, em serviços de proximidade e com a manutenção de serviços públicos que não obedeçam às lógicas do litoral. Um mesmo peso e duas medidas.
PF publique no norteamos.
ResponderEliminarUm artigo de opinião excelente!!!Como sempre, muito bem escrito e pensado!! Merecia, certamente, lugar de destaque num dos jornais nacionais!
ResponderEliminarTeresa Nascimento
óptimo artigo
ResponderEliminarcumprimentos
mário
Fala em manter serviços públicos ainda que não tenham nada que fazer-discordo,não tem sentido.
ResponderEliminarNão fala em criar actividades privadas modernas nos vários sectores(sobretudo,no turismo) ,que reputo de absolutamente indispensável.
Publicação: 26-02-2008 11:06 | Última actualização: 26-02-2008 11:18
ResponderEliminar"Arca de Noé das plantas" inaugurada por Durão Barroso
Banco Universal das Sementes vai guardar amostras de cada espécie existente em todo o Mundo
Durão Barroso inaugura hoje, ao lado do Nobel da Paz de 2004, o Banco Global de Sementes. Conhecido como a "Arca de Noé das plantas", o projecto vai permitir guardar uma memória universal agrícola, em caso, por exemplo, de catástrofe global. Portugal vai contribuir com quase 800 espécies numa colecção guardada numa pequena ilha da Noruega.
O interior da montanha gelada a meio caminho entre a Noruega e o Pólo Norte vai guardar a memória viva dos 10 mil anos da história humana da agricultura. É esse o desejo do mentor do projecto, conhecido já como a "Arca de Noé das Plantas". O Banco Universal das Sementes vai guardar amostras de cada espécie existente em todo o Mundo. O objectivo é preservar a biodiversidade e poder restabelecer a agricultura no futuro, em caso, por exemplo, de uma catástrofe natural. Também por isso, os mais dramáticos já o apelidaram de Cofre forte do juízo final.
O Banco Global de Sementes custou mais de 6 milhões de euros ao Governo norueguês. Foi construído no Árctico a 120 metros de profundidade, a mil quilómetros do Pólo Norte. As amostras vão ser preservadas durante centenas de anos numa estrutura guardada por portas duplas à prova de explosão, sensores de movimento, câmaras pressurizadas e paredes de betão reforçadas a aço com um metro de espessura.
Existem actualmente mais de mil bancos de sementes em todo o Mundo. Este será único por pretender ser universal. Portugal já contribuiu com 793 espécies para uma colecção que conta para já com 250 mil amostras mas que vai poder albergar 4 milhões. Tem, por isso, uma capacidade virtualmente inesgotável.
Realmente!!!!... è só para estrangeiro ver...
Estes é que são parolos