30 junho 2008

Intervalo

Mudam-se os tempos...

Situação: O Carlos e o Quim trocam uns socos no fim das aulas:
Ano 1978: Os companheiros animam a luta, o Carlos ganha. Dão as mãos e acabam por ir juntos jogar matrecos.
Ano 2008: A escola é encerrada.. A SIC proclama o mês anti-violência escolar, O Jornal de Notícias faz uma capa inteira dedicada ao tema, e a TVI insiste em colocar a Moura-
Guedes à porta da escola a apresentar o telejornal, mesmo debaixo de chuva.

Situação: O Jaime não pára quieto nas aulas, interrompe e incomoda os colegas:

Ano 1978: Mandam o Jaime ir falar com o Director, e este dá-lhe uma bronca de todo o tamanho. O Jaime volta à aula, senta-se em silêncio e não interrompe mais.
Ano 2008: Administram ao Jaime umas valentes doses de Ritalin. O Jaime parece um Zombie. A escola recebe um apoio financeiro por terem um aluno incapacitado.

Situação: O Luis parte o vidro dum carro do bairro dele. O pai caça um cinto e espeta-lhe umas chicotadas com este:

Ano 1978: O Luis tem mais cuidado da próxima vez. Cresce normalmente, vai à universidade e converte-se num homem de negócios bem sucedido.
Ano 2008: Prendem o pai do Luís por maus tratos a menores. Sem a figura paterna, o Luís junta-se a um gang de rua. Os psicólogos convencem a sua irmã que o pai abusava dela e metem-no na cadeia para sempre. A mãe do Luís começa a namorar com o psicólogo. O programa da Fátima Lopes mantém durante meses o caso em estudo, bem como o Você na TV do Manuel Luís Goucha.

Situação: O Zézinho cai enquanto praticava atletismo, arranha um joelho. A sua professora Maria encontra-o sentado na berma da pista a chorar. Maria abraça-o para o consolar:
Ano 1978: Passado pouco tempo, o Zézinho sente-se melhor e continua a correr.
Ano 2008: A Maria é acusada de perversão de menores e vai para o desemprego. Confronta-se com 3 anos de prisão. O Zézinho passa 5 anos de terapia em terapia. Os seus pais processam a escola por negligência e a Maria por trauma emocional, ganhando ambos os processos. Maria, no desemprego e cheia de dívidas suicida-se atirando-se de um prédio. Ao aterrar, cai em cima de um carro, mas antes ainda parte com o corpo uma varanda. O dono do carro e do apartamento processam os familiares da Maria por destruição de propriedade. Ganham. A SIC e a TVI produzem um filme baseado neste caso.

Situação: Um menino branco e um menino negro andam à batatada por um ter chamado 'chocolate' ao outro
Ano 1978: Depois de uns socos esquivos, levantam-se e cada um para sua casa. Amanhã são colegas.
Ano 2008: A TVI envia os seus melhores correspondentes. A SIC prepara uma grande reportagem dessas com investigadores que passaram dias no colégio a averiguar factos. Emitem-se programas documentários sobre jovens problemáticos e ódio racial. A juventude Skinhead finge revolucionar-se a respeito disto. O governo oferece um apartamento à família do miúdo negro.

Situação: Fazias uma asneira na sala de aula:

Ano 1978: O professor espetava duas valentes lostras bem merecidas. Ao chegar a casa o teu pai dava-te mais duas porque 'alguma deves ter feito'
Ano 2008: Fazes uma asneira. O professor pede-te desculpa. O teu pai pede-te desculpa e compra-te uma Playstation 3.

(recebido por email)

25 comentários:

Unknown disse...

Sei que não gosta que me dirija a si.Permita-me o abuso só desta vez.Prometo que não reincidirei.
Só uma sugestão:Porque é que não muda,já assim como assim,o ano de 1978 para,p.e.,1968?
Como vê,fui muito lacónico.
JLM

Anónimo disse...

Quer o dr. JLM esteja de acordo ou não, em minha opinião,este pequeno comentário começa e acaba com laivos de mordacidade dirigidos ao prof. José Mesquita. Era engraçado que este retrucasse, para se animar, no bom sentido, um pouco este blogue. Pois tanto este como o outro (blogue) têm andado ultimamente um pouco arredados da (saudável) polémica produzida pelo exercício do contraditório. E neste sentido, não há dúvida de que JLM tem desempenhado bem o seu papel, sem contudo "chegar aos calcanhares" do amigo HC que é um verdadeiro mestre...

cordiais saudações do h.r.

Unknown disse...

Poderei dizer então que o H.C. é o meu calcanhar de Aquiles.
Quero,no entanto, afirmar que a minha única intenção é animar os blogues,com a minha modesta contribuição,é claro.Como poderia eu ter a veleidade de chegar ao engenho e,sobretudo, à "arte" de H.C.?
Ao meu amigo Prof. J.A.M. eu só queria dizer que o seu texto ficava mais lógico se ele tivesse comparado uma data de antes de 25/4 com a data actual.
Faltou-lhe um pouco de coragem.
JLM

Unknown disse...

O mestre H.C. e o seu admirador H.R. têm,reconheço,muito nível.Só é pena que,dado o estilo de ambos,não possam ter aspirações à governação do concelho.
Todos teríamos muito a lucrar.Feitios!Que pena!
JLM

Anónimo disse...

Sem bicadas ao autor do artigo inicial... direi que compara o 8 de 1978 com o 80 de 2008.
Mas como atrás digo, bicadas à parte, o conteúdo do texto do José Alegre pode ser melhor aproveitado na discussão das diferenças 1978-2008.
Porreiro pá...
...assim os comentadores saibam aproveitar este seu exagerozinho ... propositado mas que tem muito de real!

Ateu

Unknown disse...

Reconheço que não gosto do artigo.
Fala dum passado,que parece muito lá para os anos 50.
Todo ele é conservador,a querer chegar à conclusão de que a pedagogia nada evoluiu.Pelo contrário.Afinal, a ciência da educação nada devia ter posto em causa,nada devia investigar e o mundo devia ter ficado parado. Só que isso é impossível.O mundo mudou e os problemas,sendo hoje diferentes,têm respostas novas.Talvez as soluções de antes estivessem certas para o seu tempo.Só que hoje não estão pela simples razão de que os problemas já não se apresentam da mesma maneira.São diferentes os pais,os professores,os alunos,os instrumentos de trabalho,tudo. Como hão-de ser iguais as soluções ainda que apenas no aspecto disciplinar?
JLM

Anónimo disse...

Bom, bom, era que 1978 se prolongasse no tempo se os exemplos descritos, tidos como bons e aconselháveis, alastrassem a todas as sociedades, ou pelo menos à nossa.
Claro que o Zé Mesquita apenas quer dramatizar o 2008, convicto que está da trabalheira que dá, ensinar os meninos...

Anónimo disse...

Eu também penso que em 1978, ainda a (con)viver-se com os resquícios do PREC, e, portanto, no amanhecer de novas e mais abertas (libertadoras) mentalidades, o "Luís" já não seria assim tão castigado... Se fosse uma dúzia de anos antes... E neste ponto (apenas) não me importo nada de reconhecer alguma razão ao nosso amigo JLM, a quem saúdo.

h.r.

Anónimo disse...

Ah!, e já agora, amigo JLM, quanto ao "Só é pena que,dado o estilo de ambos,não possam ter aspirações à governação do concelho", gostaria que explicitasse melhor essas suas teses (a do estilo e a do impedimento), já que em minha opinião, qualquer pessoa (também o próprio JLM) pode ter essas aspirações ou outras quaisquer. O que se pode é não pretender aspirar à concretização desse ou de outro objectivo, qualquer que seja o "estilo" pessoal; aliás, o estilo de cada um, por ser exterior ao indivíduo e, portanto, ser mais susceptível ao estereótipo, pouco ou nada tem a ver com a verdadeira competência para que alguém possa ter aspirações a...

Com as melhores saudações do h. r.

Helder Carvalho disse...

Calca o Aquiles

Confesso que ainda não conclui que a minha participação no Blog seja só entretimento.
Ainda estou convencido que, perante os objectivos do Blog, consigo dar o meu contributo a pensar no seu proveito. Trata-se de uma pretensão singela que, só sai diminuída porque reconheço que não me consigo fazer ler pelos que mais desejava. Já o disse e repito que o meu desejo era conhecer o “ feed back” de todos quantos vivem amargurados e sofrem porque vivem na nossa terra. Infelizmente esses não lêem Blogs, têm de trabalhar e não lhes resta tempo, tão pouco para saberem que alguém diz por eles que “ O Rei vai de Fio Dental”.
Chamem-lhe “engenho” ou “arte” mas, aquilo que eu mais valorizo é o facto de, realmente não encontrar contraditório nenhum naquilo que eu digo. E quando não vejo retorquir com factos que me contradigam, concluo que tenho razão. Esta é geralmente a mais triste conclusão visto que raramente questiono aspectos agradáveis. Não me considero pois um animador do Blog. Mas pelos vistos também não entristeço os blogistas porque não serão os que realmente sofrem, com a crise que vive a nossa comunidade. Tenho pena de não conseguir ir mais longe. Por exemplo, já que a tristeza não paga dividas, conseguir que a animação as pagasse.

Unknown disse...

E eu que julgava que o H.R.tinha uma certa dificuldade em litigar com lisura.Perdoe-me.Vejo,pelo que escreve,que não é assim.
Eu vou explicitar sobre o que me pede.
Primeiro:Não estou minimamente interessado nas lides municipais.
Porquê? Porque tenho quase 70 anos,porque tenho uma reforma jeitosa e porque quero passar os últimos anos da minha vida do modo como a tenho levado ultimamente.
O H.R. e o H.C.(permitam que continue a tratá-los assim)não estão na mesma situação.Um e outro são mais novos,têm experiência da actividade municipal e gostariam de participar na gestão e contribuir activamente para o desenvolvimento do concelho.
Apenas um óbice: há consideráveis forças vivas do concelho que lhes são adversas.E muitos dizem que ambos são um tanto intratáveis. E eu quase ia na conversa.Tenho verificado,no entanto,ultimamente,através deste blogue, que estão até bastante corteses.
Oxalá tenham sucesso para bem de todos.
JLM

Anónimo disse...

Abram a "pestana"...o texto não é do prof. J.A.M logo não se lhe pode imputar qualquer data nem nenhuma outra coisa......ele tem bem explicito na postagem que foi RECEBIDO POR MAIL....este texto já anda a circular na Internet á mais de duas semanas....


Saudações

Anónimo disse...

Em relação a este último comentário do amigo HC, não deveria ser eu o interlocutor, pois o "Aquiles" não é a minha pessoa, de certeza...
Mas, da minha parte, sempre quero reafirmar que a sátira e o picaresco na escrita são modelos literários de expressão que não estão ao alcance de qualquer um (enfim, não cabe neste espaço e seria fastidioso definir esses modelos de escrita). O que é preciso realçar, é que o nosso amigo HC, nas suas "Mentiras..." tem desempenhado um papel fundamental que bastante pode contribuir (eu sei que contribui) para a mudança efectiva (visível ou invisível) de muitas mentalidades, porque, usando aquele estilo, aborda assuntos sérios relacionados com a realidade sócio-política da sua terra. E, ao fazê-lo, mostra-nos um exemplar exercício de cidadania, não apenas pelo direito que lhe assiste mas principalmente pela preocupação latente no seu discurso (infelizmente, nem sempre compreendido).
Só não estou muito de acordo com HC (se me permite) quando afirma "não encontrar contraditório nenhum naquilo que digo", pois bastará dar uma espreitadela a vários comentários anteriores, para se verificar quanto HC tem sido castigado e causticado pela verborreia e pela cacofonia de alguns (poucos) seguidores fiéis da situação actual que, fazendo como a avestruz, não querem ver a realidade a que "isto" chegou...
Que continue, pois, o "calvário" de HC em tentar "levar a água ao seu moinho" ou então a fazer de Sísifo, pois, tal como JLM reconhece, eu sou um seu admirador.

Um abraço do h. r.

Unknown disse...

Talvez o artigo não seja efectivamente do Prof.J.A.M..
Pensando bem,fui um tanto injusto consigo.Bem que o estilo,malgré tout,me parecia excessivo e não jogava inteiramente com o Prof..
Porque resolveu transcrevê-lo?
Para nos experimentar,talvez.Bem que nos apanhou na ratoeira.As minhas desculpas.
Tenho que pedir-lhe também desculpa por uma outra coisa:pensei que já não publicasse o meu comentário.
Como transformei eu em certezas meras hipóteses?Acontece ao melhor.
JLM

Anónimo disse...

sò fico embascado com uma cena: o h. r. nao è da situação?

Anónimo disse...

Caro JLM

Em relação ao seu comentário de quinta-feira (3 de Julho), apraz-me registar a confissão do seu longo equívoco em relação à minha pessoa. Agradeço-lhe por isso. Como sabe (muito melhor do que eu), a mesa do café, se por um lado serve de saudável tertúlia entre amigos, por outro lado, não raras vezes, ela (a mesa) é uma terrível fonte de maledicência, onde se prognostizam cruelmente os caracteres dos indefesos ausentes. Sendo assim, o mais sensato é não se julgar apressadamente alguém sem, entretanto, se conhecer melhor a "vítima" ocasional da maledicência. E perante isto, apetece-me, a propósito dos "intratáveis", meditar: como é que alguém como eu pode ser intratável e vítima de hostilidades,se nunca foi maltratado por ninguém nem nunca maltratou ninguém? Se é respeitado por todos na rua e na rua respeita toda a gente? Se, mesmo sem responsabilidades formais, tem, no decorrer de mais de duas décadas, sido útil ao concelho, levando (p. ex. na forma definitiva de um livro) o bom nome de Carrazeda a diversas partes do mundo, principalmente, em terras onde permanece a diáspora?! Se tem estado sempre disponível, quando solicitado, para colaborar em qualquer actividade (iniciativas culturais,sociais,desportivas...)?!
É por tudo isto que renovo os meus sinceros agradecimentos ao amigo JLM pelo testemunho público do seu equívoco.

cordiais saudações do h. r.

Unknown disse...

Sabe uma coisa,H.R.,estou encantado com o actual nível dos seus comentários.Continue assim.Este é que é (e deve ser) o seu caminho.
JLM

Anónimo disse...

mas que comentários, senhor JLM? da parte em que h. r. diz levando (p. ex. na forma definitiva de um livro) o bom nome de Carrazeda a diversas partes do mundo, principalmente, em terras onde permanece a diáspora?! isto é o cúmulo!!! borges.

Anónimo disse...

ó borges, o que vale é que a ignorância ainda não paga imposto, senão, tinhas que andar a pedir, rapaz.

Anónimo disse...

Cordiais saudações, senhor h. r.! Gaba-te cesto roto que amanhâ vais à vindima! borges

Unknown disse...

O que eu pretendo é que H.R.escreva textos bem estruturados,como ele sabe efectivamente fazer.Não tenho que estar de acordo com tudo o que ele afirma.A forma que ele usa é perfeita e prefiro vê-lo escrever como o faz acima do que como o faz no último comentário,que parece também dele.
JLM

Anónimo disse...

Quem fez o último comentario ó borges não foi o HR. foi um amigo que le conhece as qualidades.

J A T

Anónimo disse...

No que as pessoas gastam o tempo!

Anónimo disse...

Estive todo o dia ausente daqui e só agora me é dado verificar como um simples texto do JAM pode suscitar tantos comentários. Verifica-se também que ainda há lugar para pequeninas provocações e até um palpite. Ora toda esta animação é salutar pois ninguém pode "agradar a gregos e a troianos" e o anónimo borges tem toda a legitimidade de expor aqui as suas eventuais antipatias.
Já quanto ao palpite, gostaria de sugerir ao prezado amigo JLM para não jogar no euromilhões...

cumps. do h. r. para todos os bloguistas.

Anónimo disse...

pois, pois, toda a gente sabe que o JAT não é o h. r.
cumps. do borges